Brasileiro recebe aval oficial para comandar a OMC
Os países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) confirmaram nesta quarta-feira que o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo será o novo dirigente máximo da entidade. Em reunião do Conselho Geral da OMC – principal órgão de decisão, do qual participam seus 159 países-membros -, os responsáveis pelo processo de seleção propuseram formalmente a designação de Azevêdo […]
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Os países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) confirmaram nesta quarta-feira que o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo será o novo dirigente máximo da entidade.
Em reunião do Conselho Geral da OMC – principal órgão de decisão, do qual participam seus 159 países-membros -, os responsáveis pelo processo de seleção propuseram formalmente a designação de Azevêdo como novo diretor-geral a partir de 1º de setembro.
Nenhuma voz discordante se opôs a essa recomendação em reunião breve e na qual foi corroborado que o candidato do Brasil tinha recebido “o maior apoio dos países-membros” na terceira e última rodada de consultas e que este também foi o caso nas duas primeiras.
Além disso, esses respaldos foram amplos, do ponto de vista geográfico e de desenvolvimento econômico dos países, como exigia o procedimento de seleção.
Nesse fórum, o único a pedir a palavra foi o embaixador do México – país do outro finalista, Herminio Blanco – na OMC, Fernando de Mateo, para desejar sucesso a Azevêdo em sua nova função.
Além disso, ele destacou que a nomeação do brasileiro “representa em si uma conquista para a região latino-americana e um passo positivo para a organização”.
A esse respeito, Azevêdo, que ainda é embaixador de seu país na OMC, considerou que sua designação foi “uma consequência natural” da crescente participação da América Latina no comércio internacional e nas negociações multilaterais.
O brasileiro acrescentou que, nessa nova realidade, “não se trata do que o sistema (multilateral de comércio) dá à América Latina, mas do que a América Latina oferece ao sistema”.
Em suas primeiras declarações à imprensa internacional após o anúncio de sua eleição, Azevêdo disse que o sistema multilateral de comércio e a OMC, em particular, correm “muitos riscos” e “que não se pode perder nem um minuto” para voltar a destravar as negociações da Rodada do Desenvolvimento de Doha, paralisadas desde 2008.
“Temos que trabalhar juntos, imediatamente, para que os resultados sejam aceitáveis por todo o mundo”, enfatizou.
Estas tentativas estão completamente estagnadas porque em sete anos de negociação não se conseguiu encontrar a maneira de converger os interesses dos diferentes grupos de países nas áreas-chave do processo: liberalização do setor agrícola, industrial e de serviços.
Na nova etapa aberta com a designação de Azevêdo, os esforços iniciais estarão voltados a tentar acertar um “pacote” de acordos, embora sejam de alcance limitado, que possa ser referendado na próxima conferência ministerial da OMC, que será realizada em Bali (Indonésia) em dezembro.
Embora o tempo seja curto para considerar de maneira realista que possam ser alcançados grandes acordos nessa reunião bienal, acredita-se que é imprescindível mostrar algum resultado concreto que dê energia à fragilizada organização.
“Se não tivermos sucesso (em Bali), o caminho será muito mais difícil, mas não será o final de tudo, não vou ser alarmista”, comentou Azevêdo, cujo principal desafio será revitalizar a OMC e mostrar que ela “faz sentido, que é funcional e operacional”, segundo suas palavras.
Embora daqui até setembro o brasileiro tenha que trabalhar por trás dos bastidores, o diplomata antecipou que espera que daqui até então haja uma organização unida”, por não acreditar na divisão Norte-Sul.
São justamente os países do Sul, em desenvolvimento, os que tornaram possível a vitória de Azevêdo sobre Herminio Blanco, apoiado de maneira contundente pelos países do Norte, industrializados. Ambos, porém, negaram qualquer confronto ideológico.
Todos os países da OMC foram convocados para uma nova reunião, na próxima terça-feira, na qual deverão adotar formalmente a decisão de nomear Azevêdo como seu novo diretor-geral para um período de quatro anos.
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