Brasil fatura histórico título mundial no handebol e cala caldeirão sérvio
Uma conquista histórica e um lugar em um seleto grupo de brasileiras campeãs mundiais. A partir de agora, as meninas da seleção de handebol podem dizer que tem seus nomes marcados na história. Neste domingo, a equipe superou a torcida contra de 20 mil sérvios, venceu as donas da casa por 22 a 20 e […]
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Uma conquista histórica e um lugar em um seleto grupo de brasileiras campeãs mundiais. A partir de agora, as meninas da seleção de handebol podem dizer que tem seus nomes marcados na história. Neste domingo, a equipe superou a torcida contra de 20 mil sérvios, venceu as donas da casa por 22 a 20 e conquistou a medalha de ouro no Mundial.
Lágrimas e festa que se misturaram a uma música do cantor Jammil, ‘tema’ da seleção durante toda a campanha: “Celebrar, como se amanhã o mundo fosse acabar. Tanta coisa boa a vida tem pra te dar…”. Foi assim a comemoração das campeãs, que se colocam agora ao lado das mulheres do basquete, que dominaram o mundo em 1994.
O título mundial coroa uma campanha perfeita e invicta, que começou com cinco vitórias na primeira fase e continuou superando potências do handebol, como Hungria e Dinamarca, tricampeã olímpica. Uma vitória que começou a ser construída em 2009, quando a Confederação, mirando o Mundial deste ano, contratou o técnico dinamarquês Morten Soubak.
A evolução ao longo dos últimos anos era visível e um resultado expressivo vinha se desenhando desde 2011, quando, em São Paulo, a seleção chegou às quartas de final do Mundial mas acabou eliminada para a forte Espanha. O ‘fantasma’ das quartas voltou a assombrar na Olimpíada de Londres, em 2012, com um revés para a Noruega. O grito ficou preso por duas vezes. Agora saiu: é campeão. Algo inimaginável quando, há 10 anos, o time ocupou a modesta 20ª colocação.
O ouro histórico passa também por um aumento de investimento. A CBHb (Confederação Brasileira de Handebol) tem atualmente seu melhor cenário financeiro, que possibilitou que há dois anos fosse firmado um convênio com um time austríaco, o Hypo Nö, que levou oito das jogadoras que defendem a seleção para atuar no time europeu e em uma das melhores ligas do mundo.
Há seis meses, a entidade firmou um acordo com novos patrocinadores e recebe algo em torno de R$ 13,4 milhões em receitas fixas anuais, contando com apoio do Banco do Brasil, Correios e Lei Piva, fora aportes extras do governo federal. Receita esta que dará uma boa premiação para as campeãs – cada uma receberá um valor extra próximo aos R$ 20 mil pelo título.
Em quadra, um caldeirão sérvio desde antes da partida deu o tom da dificuldade que o Brasil teria. Os 20 mil torcedores que lotaram o ginásio em Belgrado empurram sua seleção, gritaram, vaiaram as brasileiras. Mas, no começo, o feitiço virou contra o feiticeiro, e foram as locais quem sentiram o clima de decisão e erraram três dos primeiros quatro ataques.
A atmosfera de decisão era visível, e a primeira metade da partida foi tensa, com reclamações dos dois lados, cartões amarelos e alternância no comando do placar. O Brasil liderou por 10 minutos, mas começou a esbarrar nas defesas da goleira sérvia. Próximo do fim da etapa inicial, a frieza da melhor do mundo, Alexandra Nascimento, recolocou o time na frente. Com aproveitamento de 100% nos tiros de 7m, ela garantiu a vantagem de 13 a 11.
Para não desambientar da pressão, as atletas brasileiras ficaram em quadra no intervalo. Foi ali que ouviram as orientações de Morten Soubak e trocaram abraços antes de voltarem para o segundo tempo.
A estratégia, feita em todos os jogos da competição, deu certo. Em menos de quatro minutos, o Brasil abriu sua maior vantagem na partida – 16 a 11. Mas uma exclusão de dois minutos para Duda Amorim permitiu que as donas da casa diminuíssem para 16 a 13, aproveitando da vantagem numérica.
O desempenho, no entanto, caiu. E levou o comandante brasileiro ao desespero. “Vocês vieram aqui passear ou jogar? Então chega, por favor”, gritou o dinamarquês em um tempo técnico, vendo que a vantagem do placar era apenas de um gol mesmo quando o time teve duas a mais em quadra.
O grito acordou as atletas, que voltaram com uma defesa agressiva e dificultaram bastante o trabalho das donas da casa. A goleira Mayssa Pessoa, que entrou ao longo do segundo tempo, fez a cinco minutos do fim aquela que provavelmente é a defesa mais importante de sua vida, salvando um contra-ataque que daria o empate em 19 no duelo.
Pouco depois, no entanto, veio a igualdade, que explodiu a torcida. Para piorar, Duda, MVP do Mundial, foi excluída por dois minutos. E, em um arremesso de sete metros, a Sérvia igualou de novo: 20 a 20. A frieza brasileira prevaleceu. Mesmo em desvantagem numérica, abriu dois gols de diferença – 22 a 20.
Restavam 13 segundos. Alexandra foi excluída da partida. Mas era tarde demais. No banco, as meninas já choravam, e comemoravam a conquista histórica, quebrando um tabu de 18 anos sem uma seleção não-europeia conquistar o Mundial.
DINAMARCA FICA COM A MEDALHA DE BRONZE
Derrotada pela seleção brasileira na semifinal, a Dinamarca ficou com a medalha de bronze no Campeonato Mundial da Sérvia. Na partida que abriu o dia decisivo, as tricampeãs olímpicas venceram a Polônia por 30 a 26 e ficou com o terceiro lugar da competição.
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