Boas práticas dentro de casa garantem água saudável e pureza de aquíferos por mais tempo
Nem todo mundo sabe, mas boa parte da água que bebemos não vem de rios, está debaixo da terra, nos chamados aquíferos. No Mato Grosso do Sul são três aquíferos que passam por debaixo de nossos pés: o Kaiowa, o Serra Geral e o Guarani. E o cuidado com eles é imprescindível para que nunca […]
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Nem todo mundo sabe, mas boa parte da água que bebemos não vem de rios, está debaixo da terra, nos chamados aquíferos. No Mato Grosso do Sul são três aquíferos que passam por debaixo de nossos pés: o Kaiowa, o Serra Geral e o Guarani. E o cuidado com eles é imprescindível para que nunca nos falte o que é mais precioso: água.
Aqui, na verdade, não há falta de água submersa. Em Campo Grande, por exemplo, a água subterrânea representa 52% do abastecimento e a superficial 48%. No restante do Brasil, a água superficial é a principal, mas em muitos países como o Canadá, onde há grande quantidade de geleiras, apenas a subterrânea está disponível. Por isso, é preciso cuidar para que não contaminemos essa água que será primordial um dia.
Algumas práticas como jogar óleo na terra, produtos químicos, entre outros poluentes, causam um dano enorme ao solo, e por consequência, podem atingir as águas dos aquíferos.
Vazamentos de esgoto, depósitos de lixo sanitário, lagoas de águas servidas das indústrias, fossas sépticas e resíduos tóxicos da indústria e da agricultura são mais difíceis controlar, por isso se torna tão importante pequenos gestos dentro de casa.
Na opinião do biólogo Fábio Edir, reitor da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), todos somos responsáveis pelo lixo que produzimos, temos esse compromisso com a geração atual e futura.
Algumas pessoas já entenderam o recado, na casa de Célia Dóris comida na pia, lixo seco com lixo molhado e óleo pelo ralo não tem vez. Antenada, ela sabe que pequenas mudanças de hábito contribuem para a melhora do meio ambiente. “Se a gente fizer a nossa parte já dá para contribuir em muito com o nosso planeta. Só de separar o lixo, não colocar óleo pelo ralo a gente já ajuda a não contaminar”, diz.
Pode parecer que não, mas a afirmação da dona de casa faz muito sentido. A geóloga responsável pelo monitoramento de poços da Águas Guariroba, Katarina Rempel, conta que pequenos gestos, como o da dona de casa fazem diferença. O óleo de cozinha jogado pelo ralo se mistura com o esgoto e faz o tratamento ficar mais caro para a empresa de saneamento.
Em contrapartida, se a pessoa separar este óleo e levar para reciclar vai evitar a contaminação e também os custos para se ter um serviço adequado.
Fim dos lixões
De acordo com o biólogo Fábio Edir a meta principal é até 2014 zerar os lixões, por força da Lei 12.305/10, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Eles são o principal problema de contaminação do lençol freático e do Aquífero Guarani.
Segundo Edir, o fim dos lixões vai obrigar a captação do chorume que é o que contamina os mananciais de água. O problema é que o processo é muito caro e depende de investimentos.
Uma das soluções, conforme o biólogo, é o trabalho em consórcio entre municípios. Edir conta que os 17 municípios da região do Cidema (Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Integrado das Bacias dos Rios Miranda e Apa) avaliam a possibilidade de uma dessas cidades ficar responsável pelo descarte do lixo hospitalar, por exemplo.
“Essa é uma das soluções. Até 2014 será preciso dar destino adequado ao lixo e isso está tirando o sono de muitos prefeitos. Hoje poucos municípios fazem a coleta seletiva e o tratamento desses resíduos adequadamente. O que temos hoje são só depósitos de lixo”, lamenta.
O reitor fez questão de pontuar que a criação de aterros sanitários para conter o principal vilão da contaminação, o chorume, e incentivar a reciclagem tirando as pessoas da situação degradante de miséria para transformá-los em pequenos empresários, salva o meio ambiente e ainda resgata a dignidade humana, gerando emprego, renda e mais saúde para as cidades.
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