Os bancos do Chipre vão permanecer fechados até quinta-feira (28). A previsão inicial é que abrissem hoje (26). O adiamento foi decidido pelo ministro das Finanças, Michael Sarris, para “garantir o funcionamento tranquilo de todo o sistema bancário”. Há temor no país de que ocorra grande corrida para saques nos bancos e eventual fuga de capital.

O plano de ajustamento econômico que está sendo desenhado por credores internacionais para o resgate do país – uma ilha no Mar Mediterrâneo “considerada paraíso fiscal”- prevê a aplicação da taxa de 30% sobre os depósitos bancários superiores a 100 mil euros.

A intenção é arrecadar, com o confisco, mais 5,8 bilhões de euros e somar a até 10 bilhões de euros que o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (BCE) e a Comissão Europeia (a Troika) admitem emprestar ao Chipre – o valor equivale ao Produto Interno Bruto (PIB) do país. Os credores não querem que a dívida do Estado cipriota supere os 100% do PIB, como já ocorre com Portugal (124%).

Em Portugal, repercute negativamente a declaração do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, de que o modelo de taxação de depósitos bancários poderia vir a ser reaplicado em outros países para capitalizar o sistema bancário. “Se o banco não pode fazer, então vamos falar com os acionistas e detentores de títulos, vamos pedir-lhes que contribuam para recapitalizar o banco e, se necessário, aos detentores de depósitos não garantidos [acima de 100 mil euros]”, disse Jeroen Dijsselbloem.

O presidente do Eurogrupo negou posteriormente que esteja em discussão a extensão da medida para outros países. Além do Chipre, Portugal, a Grécia e a Irlanda estão sob programa internacional de ajustamento econômico. Os credores internacionais se preocupam com as dificuldades econômicas da Espanha e a instabilidade política da Itália durante a crise na zona do euro.

Na semana passada, o ministro das Finanças de Portugal, o presidente do banco central (Banco de Portugal) e o presidente da Associação Nacional dos Bancos Portugueses já haviam negado a possibilidade de confisco de depósitos bancários e afastado o risco de crise bancária.

Uma crise bancária em países europeus pode agravar a situação econômica e afetar o valor do euro. Ontem (25) o euro fechou o dia com o valor equivalente a US$ 1,2875, abaixo do registrado na sexta-feira passada (22), US$ 1,2982. No Brasil, o euro ficou abaixo de R$ 2,6 para venda (R$ 2,5965, segundo o Banco Central).

Em meio à crise, a oposição mantém os movimentos para demitir o governo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Na carta que enviou à Troika e que será divulgada hoje em Portugal, o líder do Partido Socialista, António José Seguro, confirma a intenção de derrubar o governo e renegociar o programa de ajustamento financeiro.