Galo joga contra o Raja Casablanca a segunda partida semifinal do Mundial de Clubes no Marrocos. Se vencer, terá ainda de superar o Bayern de Munique para alcançar o sonho de ser campeão do mundo.

Quando, na segunda-feira da semana passada (09/12), os jogadores do Atlético Mineiro chegavam ao aeroporto de Belo Horizonte para embarcar para o Mundial de Clubes, foram surpreendidos: mais de 7 mil torcedores os aguardavam para desejar boa sorte. Quase 30 horas depois, Ronaldinho causava tumulto em Marrakech, tamanho era o assédio dos marroquinos.

O Atlético Mineiro joga no Marrocos o torneio mais importante de seus 105 anos de história. E é justamente em Ronaldinho e no apoio dos atleticanos que deposita suas fichas. O Galo tem apenas a nona maior torcida do Brasil, mas seus mais de 4,5 milhões de torcedores estão entre os mais apaixonados do país.

“Trazemos os torcedores no coração, na veia, e a veia tem de ser o cordão da chuteira”, disse o técnico Cuca, na primeira entrevista no Marrocos. “Foi emocionante ver a entrega daquele povo, a necessidade de uma nova conquista, a gratidão que tiveram conosco.”

Alemães no caminho

A torcida do atual campeão sul-americano sonha ver o Galo alcançar o que seu principal rival, o Cruzeiro, não conseguiu em duas ocasiões. Em 1976, foi derrotado pelo Bayern de Munique de Gerd Müller e Karl-Heinz Rummenigge. Em 1997, em Tóquio, perdeu para o Borussia Dortmund de Andreas Möller.

Desta vez, mais um time alemão está no caminho dos mineiros. E o Atlético, que desde 1971 não conquista um título nacional, aposta em um time experiente para conseguir o que muitos tratam como impossível: vencer o poderoso Bayern de Munique de Pep Guardiola. Antes, porém, terá de passar pelo Raja Casablanca, nesta quarta-feira, em Marrakech, na partida semifinal.

Para isso, os brasileiros contam com um time experiente – e composto apenas por brasileiros. No gol, tem Victor, um dos melhores em atividade no país e cotado para ir à Copa. Na defesa, conta com Réver – ex-Wolfsburg e também cogitado para estar no Mundial em 2014 – e com Gilberto Silva – volante da seleção pentacampeã de 2002 e com quase uma década de experiência no futebol inglês.

Se mantiver o padrão dos últimos meses, o time comandado por Cuca deve entrar em campo com um ousado 4-2-4. No meio-campo, apenas dois jogadores de marcação – o desconhecido, porém combativo Pierre – e provavelmente Josué – ex-jogador do Wolfsburg e que disputou a Copa de 2010.

Na frente, uma linha de quatro atacantes. Os titulares do ataque ainda não foram definidos por Cuca, mas entre eles certamente estará Jô, centroavante constantemente convocado por Luiz Felipe Scolari para a seleção, e o astro Ronaldinho.

A grande esperança

O camisa 10, já com 33 anos, não joga mais o futebol dos tempos de Barcelona, mas teve no Atlético seus melhores momentos desde que voltou da Europa para o Brasil. Com uma lesão muscular na perna esquerda, ele praticamente não entrou em campo nos últimos dois meses.

Se ele estará em forma no Marrocos, é uma incógnita. Mas, na condição de ídolo da torcida, ele carrega boa parte das esperanças do Galo e garante que seu time não mudará a forma ofensiva de jogar mesmo diante do Bayern de Munique.

“Nós vamos jogar para cima dos caras, de igual para igual. Não vamos mudar nada. A nossa forma de jogar é essa, é assim que a gente acredita que vai melhor”, afirmou Ronaldinho em entrevista recente.

O otimismo de Ronaldinho é compartilhado pelos atleticanos. Uma passagem de ida e volta de avião entre Belo Horizonte e Marrakech custa em média mil euros. Mesmo assim, os torcedores do Galo já compraram, segundo a agência de notícias AFP, cerca de 10 mil ingressos para o torneio, mais do que qualquer outra torcida. É o preço para ter a chance de ver seu time tentar sua maior glória em mais de um século de história.