Ativistas dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos prometeram, nesta quarta-feira, trabalhar para revogar a lei de legítima defesa da Flórida, pano de fundo da polêmica absolvição de George Zimmerman, que matou o jovem negro desarmado Trayvon Martin.

“Os cidadãos não podem tolerar uma lei que permita alguém segui-los e matá-los e chamar isso de legítima defesa”, disse Al Sharpton, político e ativista pelos direitos civis.

Sharpton participou nesta quarta da conferência da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês), que acontece em Orlando, no centro de Flórida.

Sharpton, Jesse Jackson e Martin Luther King III foram três dos líderes da comunidade negra que reivindicaram hoje a revogação da lei “Defenda sua Posição” (em tradução livre) da Flórida, aprovada em 2005 por uma legislatura majoritariamente republicana e com o apoio do então governador Jeb Bush, filho e irmão dos ex-presidentes George H.G. Bush e George W. Bush.

A lei, a mais permissiva desse tipo nos EUA, permite o uso da força letal por parte dos cidadãos civis que se sentirem ameaçados de morte e lhes concede imunidade na Justiça.

Essa lei foi lembrada pela juíza Debra Nelson às seis juradas, antes do início das deliberações no julgamento do ex-vigia Zimmerman, na sexta, e que terminou com sua absolvição no sábado.

King disse que a forma de pressão mais eficiente era começar a boicotar a compra de laranjas da Flórida, um dos principais produtores de cítricos para o país.

O apelo ao boicote feito por King se soma ao já promovido pelo site MoveOn.com, que pede aos signatários para evitar a Flórida como destino turístico até que seja revogada a lei “Defenda sua posição”.

“Seu estado não é um lugar seguro para passar férias, se seus cidadãos são capazes de matar qualquer um que considerem suspeito”, diz a iniciativa, promovida entre outros pelo Stevie Wonder.

O presidente da NAACP Benjamin Todd Jealous esclareceu que sua organização não fez qualquer convocação de boicote.