Os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Celso Amorim (Defesa) e Marco Antonio Raupp (Ciência, Tecnologia e Inovação), além do brigadeiro Juniti Saito (Aeronáutica), que se cuidem.

Marcos Pontes, o primeiro e até aqui único astronauta brasileiro, está de olho em suas cadeiras.

Recém-filiado ao PSB, ele cogita disputar vaga na Câmara dos Deputados. Antes, claro, de alçar voos mais altos.

Em um livreto escrito por ele, intitulado “O Menino do Espaço – A História do Primeiro Astronauta Brasileiro”, Pontes faz um relato em terceira pessoa sobre suas aptidões e potencialidades.

“Com sua grande experiência profissional, ele poderia ser designado, por exemplo, para assumir a presidência da Agência Espacial Brasileira. Ou, até mesmo, o Comando da Aeronáutica, o ministério da Defesa, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação ou o Ministério da Educação”, diz o autor na página 38 do exemplar entregue em mãos aos dirigentes do PSB.

No resumo de suas experiências apresentado ao partido no momento da filiação, enumera características pessoais como competência, disciplina, sensatez e carisma, todas associadas à “sua grande popularidade”.

No tópico “Resistências e críticas” do currículo, uma resposta taxativa: “Praticamente nulas; não há nada significativo ou factual”, apenas “inveja” pelo sucesso.

No livro, traz “20 dicas de Ouro do Astronauta” às crianças e jovens. Salta aos olhos a recomendação número cinco: “Tenha humildade”.

“Essa é uma característica que as pessoas destacam bastante em mim”, explica o astronauta à Folha, apesar de pronto para assumir alguns dos mais cobiçados cargos do primeiro escalão federal.

Pontes foi ao espaço em 2006, numa carona paga pelo governo Lula de US$ 10 milhões à Rússia. A bordo da nave Soyuz, participou mais de um de propaganda, já que não há notícia de resultados científicos relevantes alcançados na sideral.

Deixou a Força Aérea logo depois e dedicou-se a ganhar a vida com a notoriedade.

Dá palestras, toca sua empresa de turismo radical, entrou no ramo da autoajuda e tornou-se garoto-propaganda da “dieta do astronauta” (à base de refeições desidratadas) e de travesseiros.

Marcos Pontes não vê divergências entre o conceito de humildade e os inúmeros autoelogios. “Mahatma Gandhi era a própria personificação da humildade, nem por isso se considerava incapaz de liderar a Índia contra o Império Britânico”, diz.

Mais do que as qualidades do novo socialista, o PSB de São Paulo quer ampliar sua bancada com os votos do astronauta Pontes.

Já há, até, um slogan ensaiado entre alguns correligionários gaiatos: “Brasília vive em outro planeta; mande um astronauta para lá!”