Assessoria do ex-prefeito, atualmente nomeado secretário no Governo do Estado, distribuiu vídeo montado pela própria empresa que levou quase R$ 10 milhões pelo sistema. Foram inseridos novos áudios, mas marcação de consulta foi suspensa pela Sesau.

O Midiamax demonstrou em reportagem veiculada na segunda-feira (02) as dificuldades da população para usar o sistema Gisa, de marcação de consultas na rede pública de Saúde. Em três tentativas filmadas, a reportagem não conseguiu marcar uma consulta, ao contrário do que o ex-prefeito (PMDB) havia afirmado dias antes.

Após isto, o Consórcio Telemídia Tecnology, que já levou R$ 10 milhões dos cofres públicos pelo sistema, mudou a gravação e na sequência a Secretaria Municipal de Saúde bloqueou o agendamento telefônico.

No vídeo montado pela empresa, os vendedores do Gisa alegam que a reportagem do Midiamax tentou agendar em unidades que ‘não estão cadastradas' no sistema. No entanto, em todas as declarações, inclusive em depoimentos à CPI da Saúde, a informação é de que o sistema estaria funcional, sem as limitações admitidas agora.

Na própria ligação, conforme é possível verificar nos vídeos veiculados, o sistema mesmo identifica algumas unidades como UBS´s.

Além disso, há trechos novos que notadamente não faziam parte do script executado pelo sistema Gisa nas ligações anteriores. Confira no novo vídeo abaixo que a reportagem tentou novamente marcar pela 4ª vez e constatou que foi incluído um novo trecho na mensagem eletrônica que atende ao usuário.

“Informamos que por autorização da Sesau temporariamente só será possível fazer agendamento em Unidades da Saúde da Família”, diz a nova gravação sobre o bloqueio, incluída após a reportagem, pois é notória a diferença das vozes quando se compara com a gravação anterior.

Além disso, no novo informe também foi incluída a explicação de que os agendamentos só podem ser feitos em Unidades da Família, pois o sistema Gisa só está instalado em 28 UBSF da Capital e não em todos os postos de Saúde, como argumentou a Telemídia em resposta ao Midiamax.

A resposta foi encaminhada à redação diretamente pela assessoria que atende ao ex-prefeito Nelsinho Trad, atualmente nomeado secretário no Governo do Estado.

Mesmo com o fato de que a informação sobre as limitações do Gisa não tenha sido divulgada pela Sesau, os responsáveis pela venda do Gisa à Prefeitura de Campo Grande justificaram que a reportagem não conseguiu marcar por tentar vagas em outros tipos de unidade de Saúde. A inclusão destas outras unidades a nova gravação explica que depende de autorização da Secretaria de Saúde.

Outra informação incluída após a veiculação da reportagem é de que somente é possível agendar para médico da família e dentista. Porém, quando a velha gravação retoma a fala, oferece agendas para dentistas, clínicos gerais e ginecologista, deixando claro mais uma falha do sistema.

A Telemídia também justificou à reportagem que para efetuar agendamento é necessário que você esteja cadastrado em uma dessas unidades da Família e esta informação só agora foi incluída na nova gravação telefônica.

Além disso, a Telemídia simulou um agendamento por telefone em resposta ao Midiamax, mas a gravação é visivelmente diferente da que é disponibilizada para o público pelos telefones (67) 3301-3300 e 0800-7074472 confirmados como telefones corretos do Gisa pela assessoria do agora secretário estadual e ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB). São os mesmos das tentativas da reportagem.

Isto porque ela sugere opção de data para agendamento, enquanto nas nossas tentativas nenhuma opção foi dada. Em nossa 4ª tentativa de marcação da semana, tentamos para a UBSF do Portal Caiobá que afirma que não há agenda. Confira as três outras tentativas pelo link: /noticias/884012-video+teste+com+gisa+para+marcar+consulta+telefone+falha+todas+tentativas.html

Confira a 4ª tentativa pelo Midiamax abaixo:

E agora compare com a ‘tentativa' montada pela Telemídia e enviada pela assessoria do ex-prefeito Nelsinho Trad como secretário de estado.