Após morte da dona aos 102 anos, casa resiste à especulação imobiliária no Centro
Localizada no coração do centro campo-grandense, na rua 13 de maio entre a avenida Afonso Pena e a rua Barão do Rio Branco, uma casa construída há mais de 60 anos se mantém intacta e resiste à especulação imobiliária. Dama de companhia da ex-proprietária, Judite da Silva Moraes, 56 anos, conta que a ex-patroa vivia […]
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Localizada no coração do centro campo-grandense, na rua 13 de maio entre a avenida Afonso Pena e a rua Barão do Rio Branco, uma casa construída há mais de 60 anos se mantém intacta e resiste à especulação imobiliária. Dama de companhia da ex-proprietária, Judite da Silva Moraes, 56 anos, conta que a ex-patroa vivia tendo ofertas de compra, mas nunca quis vender. “Ela dizia que iria morrer aqui, como o falecido marido, e assim foi”, conta a mulher.
Segundo Judite, a casa era o xodó de dona Zumira Silvestre Barbosa, que faleceu há 9 meses com 102 anos. Conforme ela, nem proposta que passou do milhão encheu os olhos da ‘vózinha’, como ela chamava a ex-patroa. “Dizem que quando a vó estava viva tinha uma pessoa querendo comprar. Ofereceram R$ 1,5 milhão pela casa. As filhas queriam que ela vendesse e comprasse um apartamento, porque é mais seguro. Mas ela não quis saber”, diz.
A mulher que foi contratada para cuidar da senhora, hoje cuida da casa e aguarda o que os herdeiros vão fazer com o imóvel para decidir a própria vida. Ela conta que gosta demais do local e sente falta da senhora de quem cuidou por quase cinco anos. “Era uma companheira. Sinto saudades dela”, diz.
Mostrando a residência, ela conta que muitas coisas continuam do jeito que a vó deixou. “Muita coisa que tem aqui era do tempo dela. A vó era muito caprichosa”, diz.
No local, ainda há armários antigos, fogão dos anos 60, e até espelho com moldura de couro continua enfeitando o altar com Nossa Senhora Aparecida. O telefone antigo, que fica ao lado do armário de remédios, ainda funciona. Alguns móveis, tão raros quanto os que ainda habitam o lugar, Judite revela que foram para a fazenda dos proprietários. “Tinha uma mesa linda aqui. As cadeiras eram todas com assento de couro, igual ao do espelho”, lembra saudosa.
Questionada se irá sentir falta da casa, quando tiver que procurar outro emprego, responde tímida que sim. E finaliza dizendo que o melhor de cuidar da casa, agora que dona Zumira não está mais ali, é a facilidade que tem em resolver qualquer problema. “Qualquer coisa que preciso é só atravessar a rua. Posso pagar a luz, o telefone, a água. Tudo pertinho. É tudo muito fácil”, diz, apesar de lembrar que é perigoso e que precisa fechar tudo muito bem.
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