Diário Oficial também trouxe a exoneração “a pedido” da secretária estadual de Saúde, Beatriz Dobashi. Governador ainda não definiu os substitutos

O Governo do Estado dispensou o médico Ronaldo Perches Queiroz das funções de diretor-presidente do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian e de presidente da Fundação de Saúde de Mato Grosso do Sul. Ele foi demitido após as denúncias de que ele e Beatriz Dobashi, que pediu exoneração do cargo, articularam a doação de equipamentos para o hospital comandado pelo médico Adalberto Siufi.

No entanto, enquanto Beatriz foi exonerada “a pedido”, o governador dispensou Ronaldo, conforme os decretos publicados hoje no Diário Oficial do Estado. Os nomes dos substitutos não foram definidos.

Dobashi e Perches “caíram” após uma séria de denúncias envolvendo desvio de dinheiros do SUS (Sistema Único de Saúde) e sucateamento da oncologia pública regional, com objetivo de beneficiar empresas privadas.

O Midiamax denuncia desde 2011 o esquema que ruiu a saúde de MS, em pelo menos 30 matérias. Uma das denúncias apontou, por exemplo, que Perches atuava como “funcionário fantasma” do HR, trabalhando apenas 10h semanais, fato negado pelo agora ex-diretor do hospital.

Os dois chegaram a articular negativa de recebimento de aceleradores lineares nos hospitais públicos regionais, e tentaram conseguir a doação de um dos equipamentos para a Neorad, empresa de Adalberto Siufi, ex-diretor do Hospital do Câncer.

O esquema foi desmontado pela operação Sangue Frio, da Polícia Federal, que derrubou Siufi do HC, José Carlos Dorsa do Hospital Universitário da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), e agora Dobashi e Perches.

Ontem, Beatriz Dobashi anunciou o pedido de afastamento para não comprometer as investigações da Operação Sangue Frio. Ela ainda disse que abre mão dos sigilos fiscais, telefônicos e bancários para auxiliar nas investigações.

Já o diretor-presidente do HR não se manifestou, mas acabou sendo “dispensado” pelo governador André Puccinelli (PMDB). As demissões ocorreram após a revelação de que os dois, Beatriz e Ronaldo, articularam para destinar equipamentos doados pelo Ministério da Saúde para o Hospital do Câncer, comandado na época pelo médico Adalberto Siufi.

As gravações desmentiram a ex-secretária, que sempre negou ter intercedido a favor de Siufi. O escândalo do câncer já causou o afastamento de Siufi e da filha, Betina Siufi, do Hospital do Câncer; e de José Carlos Dorsa do comando do Hospital Universitário.