Após Economist, NYT engrossa coro sobre falta de reformas no Brasil

O jornal americano “The New York Times” publicou editorial nesta quarta-feira em que analisa os obstáculos do governo Dilma neste ano, após o país ter registrado avanços nos últimos dez anos na área social e econômica. “A nação tem visto avanços sociais em um curto espaço de tempo, e agora seus cidadãos esperam mais de […]

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O jornal americano “The New York Times” publicou editorial nesta quarta-feira em que analisa os obstáculos do governo Dilma neste ano, após o país ter registrado avanços nos últimos dez anos na área social e econômica. “A nação tem visto avanços sociais em um curto espaço de tempo, e agora seus cidadãos esperam mais de seus líderes”, diz a publicação.

Intitulado “Brazil’s Next Steps” (“Próximos passos do Brasil”, em tradução livre) o editorial afirma que a presidente Dilma precisa fazer avançar reformas políticas e projetos de investimento público para que o país retome o crescimento da economia e mantenha a inflação sob controle. O baixo investimento privado no Brasil fez com que a economia crescesse apenas 0,9% ante crescimento de 7,5% registrado em 2010, diz o texto.

Em referência à onda de protestos que mobilizou o país em junho e aumentou a insatisfação popular, o editorial destaca que o governo ainda não cumpriu as promessas de realizar reformas políticas e investimentos na área de infraestrutura para baixar o custo de vida no país.

“A senhora Rousseff disse que promoveria reforma política e investimentos em infraestrutura, mas seu governo ainda não entregou essas promessas”.

O editorial também destaca que, apesar de os programas sociais implementados nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, como o Bolsa Família, terem aumentado a renda dos mais pobres (8% dos brasileiros vivem atualmente com menos de US$ 2 por dia, ante 20% dez anos antes, cita o NYT), a “desigualdade de renda continua alta e a inflação acaba por corroer o aumento de renda dos mais pobres”.

A reportagem destaca que pessoas vivendo em cidades como São Paulo pagam mais por comida, moradia e outros itens básicos que os moradores de outros países comparáveis ao Brasil.

De acordo com o texto do “NYT”, um dos motivos da alta dos preços é a “falta de investimentos do governo em infraestrutura para acompanhar o crescimento da economia e, também, as altas taxas de importação e impostos impostas pelo governo, que inflacionam o preço de muitos bens e serviços”.

Por fim, o editorial ainda destaca que os estudantes brasileiros têm desempenho inferior a outros países latino-americanos como Uruguai, México e Colômbia e que é necessário realizar uma “reforma no sistema de ensino pois o Brasil tem escassez crônica de profissionais qualificados”.

Como exemplo da falta de profissionais qualificados no país, o NYT cita a necessidade do governo de importar médicos de outros países.

No fim de setembro, outra publicação internacional deu destaque ao Brasil em suas páginas. A revista britânica “The Economist”, que em 2009 mostrou o Brasil “prestes a decolar”, voltou a dedicar a capa à economia brasileira, desta vez, mostrando um “tombo”.

Em ampla reportagem especial sobre o país, a Economist destaca que, depois de crescer 7,5% em 2010 – em plena crise mundial pós quebra do Lehman Brothers – e ser escolhido sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, o país cresceu só 0,9% no ano passado. Na visão da “The Economist”, o Brasil fez poucas reformas durante os anos do “boom” e, além disso, o setor público é um peso muito grande para os setor privado, os gastos com previdência e aposentadoria são comparáveis aos da Europa, e as empresas enfrentam a carga tributária mais pesada do mundo.

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