Após mais de 11 horas de depoimentos, o primeiro dia de audiências de instrução do processo em que integrantes da banda de pagode New Hit são acusados de estuprar duas fãs adolescentes se encaminhava chegou ao fim na noite desta segunda-feira. Às 21h30, terminou o depoimento da sexta testemunha arrolada pela acusação. Na terça-feira, estão previstos os depoimentos das demais testemunhas de acusação e de defesa, além da fala de uma das vítimas.

A juíza Márcia Simões, do fórum de Ruy Barbosa (BA), deu início à audiência por volta das 10h. Entre os depoimentos colhidos nesta segunda-feira está o de uma das vítimas. Acompanhada da mãe, de agentes do programa de proteção a e de uma advogada, a adolescente foi ouvida por cerca de três horas.

Os advogados dos réus tentaram impugnar o depoimento da ginecologista que atendeu uma das vítimas e emitiu laudo médico constatando as agressões sexuais sofridas pela adolescente. O pedido, entretanto, foi negado pela juíza, que colheu o depoimento da médica. Além da vítima e da médica, foram ouvidos policiais militares que atenderam à ocorrência e membros da banda.

Os músicos são acusados de terem estuprado duas adolescentes de 16 anos em um trio elétrico na cidade de Ruy Barbosa, em agosto de 2012. De acordo com o delegado Marcelo Cavalcanti, responsável pelas investigações, por meio do laudo fornecido pelo Departamento de Polícia Técnica, de Feira de Santana, foi possível obter provas materiais do crime, como a quantidade de sêmen encontrada nas roupas das meninas e dos músicos.

As duas meninas disseram que entraram no trio elétrico da New Hit para tirar fotos com os artistas no dia 26 de agosto e teriam sido levadas ao banheiro do veículo, onde afirmam terem sido violentadas pelos integrantes do conjunto, com a conivência de um policial militar que fazia a segurança da New Hit. Em seguida, as jovens foram à delegacia prestar queixa, e a polícia foi até o trio elétrico deter os suspeitos. Os músicos foram detidos, preventivamente, na delegacia de Ruy Barbosa e, depois, transferidos para o Presídio Regional de Feira de Santana.

Os nove integrantes da banda e o PM são acusados dos crimes de estupro e formação coletivo. Em outubro, os músicos foram soltos do presídio de Feira de Santana após 38 dias de detenção, beneficiados por um habeas-corpus. O PM, que estava preso na Coordenadoria de Custódia Provisória (CCP) da Polícia Militar, também foi liberado. No mesmo mês, foi aceita a denúncia contra os dez réus, que respondem ao processo em liberdade.

De acordo com o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), as audiências devem ocorrer até quarta-feira. Os dois primeiros dias estão reservados para as oitivas de réus, vítimas e testemunhas. No terceiro, provavelmente a juíza decidirá se ela própria julgará os réus ou se eles serão levados a júri popular. A tendência, entretanto, é de que a sentença saia já na quarta-feira, por não se tratar de um crime doloso contra a vida, como homicídio.