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Aos 125 anos sem escravidão, negros ainda lutam por igualdade

Neste dia 13 de Maio, 125 anos da Abolição da Escravatura no Brasil. Diante a tantas comemorações do mês, como o Dia do trabalhador, das mães e noivas, esta é uma data que parece esquecida. Mas, para netos e bisnetos de negros, que por vezes ouviram histórias da forma desumana como seus entes foram tratados […]
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Neste dia 13 de Maio, 125 anos da Abolição da Escravatura no Brasil. Diante a tantas comemorações do mês, como o Dia do trabalhador, das mães e noivas, esta é uma data que parece esquecida. Mas, para netos e bisnetos de negros, que por vezes ouviram histórias da forma desumana como seus entes foram tratados no passado, é um dia para comemorar e avaliar a atual situação do afro descendente no país.

Em Campo Grande, na comunidade Tia Eva, fundada em 1910 pela ex-escrava Eva Maria de Jesus e reconhecida nacionalmente como uma comunidade quilombola, o dia é pouco discutido. Alegres, os moradores querem mesmo é falar de outras celebrações, como a 93° Festa de São Benedito, que reúne arte, religião e dança em dez dias.

“Tenho muitos livros que contam a história triste dos negros no ‘nosso’ Brasil. E participando de alguns encontros para discutir este assunto em Brasília, percebi alguns avanços, porém ainda sinto falta de mais representantes negros no governo”, fala o aposentado Sérgio Antônio da Silva, 78 anos, mais conhecido como ‘seu Michel’.

Há 50 anos na comunidade, ele se orgulha dos tijolos que levantou para construir a escola e o salão das festas típicas da região. “Vim para cá quando este local não tinha luz, água encanada e ajudei a construir a nossa história. Aqui me casei pela terceira vez e criei 12 filhos, 32 netos e seis bisnetos. Tenho todos por perto e somos muito felizes aqui”, diz orgulhoso o aposentado Silva.

A esposa do ‘seu Michel’, a dona de casa Luzia de Arruda Silva, 70 anos, também só fala em alegrias. “Não comentamos muito da escravidão, porque a época passou e, com muito trabalho, conquistamos o nosso espaço. Ontem, no dia das Mães, por exemplo, foi um dia de pagode e churrasco para comemorar”, conta D. Luzia.

Entre outros ídolos, o casal que comemorou meio século junto em Abril do ano passado, diz ter muito orgulho da cor negra, da qual compartilha com ídolos como Aleixo Paraguassú, Cid Pinto Barbosa, José Humberto de Camargo e Raimunda de Brito, advogados e por último uma professora negra e que lutam por direitos e continuidade dos costumes.

Tia Eva

A história da ex-escrava Eva, que sempre quis proporcionar uma boa educação aos filhos, é referência para os negros de Campo Grande quando se fala em escravidão. Nascida em Mineiros (GO), ela trabalhou muito e, aos 49 anos, obteve a carta de alforria.

O sonho então era ter um terreno só seu no Mato Grosso (atualmente Mato Grosso do Sul). Casada duas vezes, Eva Maria teve três filhas: Joana, Lazara e Sebastiana. A última delas, segundo ‘seu Michel’ morreu na casa de sua avó, já na Capital sul-mato-grossense e por isso a grande ligação com a ‘Tia Eva’.

Em 1905, ela tinha uma vida atarefada, na qual trabalhava como lavadeira, parteira, cozinheira, curandeira e benzedeira. E ainda sabia ler e escrever, algo peculiar entre os escravos. E, cinco anos depois, conquistou uma terra de oito hectares onde atualmente estão as famílias afro descendentes.

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