Os trechos das duas ferrovias que vão passar por Dourados somam um investimento de quase R$ 12 bilhões. Os orçamentos estão previstos em estudos técnicos da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O município será o entroncamento das duas estradas de ferro que estão previstas para terem início em 2014 com entrega da obra para 2019.

A primeira das ferrovias é a EF 267, braço da Norte-Sul. O estudo prevê um traçado de 659 quilômetros, atravessando 19 municípios, dos quais doze no Estado de e sete em Mato Grosso do Sul. Os trilhos saem de Estrela D’Oeste (SP) e Panorama (SP) e chegando a Dourados. Para este traçado estão previstos um investimento de R$ 2.937.967.165,00 (Dois bilhões, novecentos e trinta e sete milhões, novecentos e sessenta e sete mil e 165 reais). A segunda, a EF 484 (Ferroeste), deverá sair de Maracaju, passando por Dourados (MS) e chegando a Lapa (PR) e deverá custar R$ 9.937.967.165,00 (Nove bilhões, novecentos e trinta e sete milhões, novecentos e sessenta e sete mil e cento e sessenta e cinco reais), totalizando R$ 11.9 bilhões em custos para o .

De acordo com os estudos, a Ferrovia Norte-Sul é a que está em processo mais adiantado. Ela já encerrou a coleta de subsídios, realizou a reunião participativa em Dourados e avalia as sugestões apresentadas para eventual alteração no traçado. A ANTT já deu início ao processo de licitação para a contratação de alguns serviços técnicos. Em relação a Ferroeste, ela terá uma extensão de 990 quilômetros. Já passou por estudos iniciais e ingressa em fase de coleta de subsídios através de uma audiência pública a ser marcada.

O traçado da Ferrovia Norte Sul prevê passagem da ferrovia nas cidades sul-mato-grossenses de Dourados, , Santa Rita do Pardo, Bataguassu, Nova Andradina, e Deodápolis no percurso entre Estrela D’Oeste (SP) e Panorama (SP).

Já o traçado da Ferroeste estuda trajeto que liga Dourados (MS) a Lapa (PR), saindo de Maracaju e passando também por Itaporã, Caarapó, Amambai, Iguatemi, Eldorado e Mundo Novo, em Mato Grosso do Sul; e Guaíra, Terra Roxa, Nova Santa Rosa, Maripá, Toledo, Cascavel, Tupãssi, Catanduvas, Ibema, Guaraniaçu, Nova Laranjeiras, Campo Bonito, Laranjeiras do Sul, Cantagalo, Marquinho, Candói, Goioxim, Irati, Guarapuava, Fernandes Pinheiro, Inácio Martins, Palmeira, Porto Amazonas, Balsa Nova e Lapa, no Paraná.

A implantação das duas ferrovias deve causar queda de pelo menos 30% no custo total do produto industrializado em Dourados e região. A expectativa é do vice-presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems) Sidney Petteri Camacho. Ele explica que hoje o custo do transporte representa 50% do que a indústria gasta no produto final. São fretes, combustível e uma série de tributos que oneram o produto. Para ele, a implantação da ferrovia, vai diminuir custos da produção chegando 20% mais baratos ao consumidor final, além de aumentar a competitividade de Mato Grosso do Sul no cenário internacional. “O aumento da exportação significa mais emprego e mais renda para os municípios, Estado e União”, destaca, observando que 60% do total produzido em MS ainda é feito pelo transporte rodoviário.

O Presidente do Sindicato Rural de Dourados, Marisvaldo Zeuli, diz que a falta de logística é a principal dificuldade para o produtor que exporta. “Os custos são exorbitantes com o transporte rodoviário. Tanto os produtos que chegam quanto os que são exportados tem um custo muito alto. Para se ter uma idéia hoje o produtor precisa pagar o mínimo de 1 mil quilômetros até o Porto Paranaguá. As Ferrovias passando por Dourados vão impulsionar as exportações, diminuindo custos e aumentando a competitividade no mercado internacional. É mais desenvolvimento para o Estado”, diz.

O economista Gilmar Cândido Alves, da A&G Assessoria Econômica e Financeira de Dourados, diz que os impacto de uma ferrovia de modo geral são positivos para qualquer região, apesar de apostar que as hidrovias ainda são opções mais vantajosas. Para ele a ferrovia trará um efeito cascata na diminuição dos custos tanto para o produtor como para o poder público. “Se barateia os custos de produção, se conserva mais as estradas, são menos caminhões nas rodovias o que diminui os acidentes, entre outros. Os benefícios vão desde o transporte até o uso das rodovias, onde o poder público pagará menos de manutenção”, destaca.

Vice-presidente da Frente Parlamentar das Ferrovias, o deputado federal (PMDB) vem desde 2011 se reunindo com os ministros dos Transportes que se sucederam, para que Mato Grosso do Sul seja contemplado com linhas férreas principalmente a região da Grande Dourados, responsável por 55% da produção de grãos do no Estado. “Transportamos muito mal nossas riquezas. Hoje, parte do suor e do esforço do Brasil que dá certo, que produz da forma mais tecnológica, se perde ao longo de rodovias, na fila dos portos, no preço crescente do frete, na demora, no desperdício e na perda de mercados por não conseguirmos cumprir os prazos”, disse destacando luta em Brasília para que a Grande Dourados fosse contemplada com os traçados.

“Estou encabeçando esta luta e esse sonho acalentado há três décadas. Acredito que desta vez vai dar certo, que estamos trilhando o percurso correto, para que ainda este ano consigamos realizar as licitações de construção e administração dessas ferrovias e em 2014, quero estar presente na colocação do primeiro trilho”, destaca, observando que na semana passada em audiência no Ministério dos Transportes assegurou juntamente com a bancada federal que Dourados fosse mantido em ambos os traçados.