O presidente da CPI da Saúde, deputado Amarildo Cruz (), prometeu a publicação detalhada no Diário Oficial da Assembleia Legislativa desta sexta-feira (7) das despesas com a investigação. Apesar dos trabalhos de investigação terem se encerrado na última segunda-feira (2), até agora não foi feita a publicação pormenorizada dos gastos. Hoje, ele fez a entrega do relatório aos Ministérios Públicos Estadual e Federal.

“A diretoria financeira dentro desta semana iria estar publicando [os gastos] pormenorizados, incluindo despesas com pessoal, viagens, o que se gasta naturalmente em uma investigação. Ninguém quer fazer uma investigação de seis meses gastando nada e também não vai pagar R$ 1 mil e R$ 2 mil para um técnico para poder chegar onde chegamos”, declarou. “Tivemos que fuçar muito, que ter pessoas com know how, funcionários com padrão”, acrescentou.

Amarildo afirmou ainda ser um dos deputados que mais defende transparência na Assembleia Legislativa e que por isso os gastos estarão à disposição. Até então, Amarildo havia declarado apenas que as despesas somaram R$ 350 mil e que esse valor inclui gastos com viagens em 11 municípios e a contratação de 15 pessoas, entre elas um técnico que teria vindo de São Paulo, no valor de R$ 70 mil.

Respondendo a declaração do deputado Paulo Correa (PR), de que a CPI da Enersul, em 2007, custou apenas R$ 11,2 mil, Amarildo afirmou nunca ter visto documento nenhum comprovando esses gastos.

A CPI da Saúde acabou com qualquer clima de harmonia na Assembleia Legislativa após Amarildo Cruz (PT) apresentar um voto separado pedindo o indiciamento de suspeitos de irregularidades, entre eles do ex-prefeito e atual secretário Nelsinho Trad (Extraordinário de Articulação, de Desenvolvimento Regional e dos Municípios) e do deputado federal e ex-secretário municipal de Saúde (DEM).

O voto foi derrubado pelos outros membros da CPI sob o argumento de que alguns dos indiciados não foram ouvidos pela comissão.

Nesta quinta-feira (2), na entrega dos documentos, o relator, deputado Junior Mochi (PMDB), tentou amenizar a questão, afirmando que o voto do presidente, Amarildo Cruz, apenas discordou de um ponto do seu relatório: o indiciamento dos suspeitos.

Ele citou ainda que há um artigo no regimento da CPI que fala que o Ministério Público faz parte da apuração. Segundo Mochi, a comissão cumpriu parte do processo e a segunda fase ficará a cargo do Ministério Público .

Além do relatório, foi colocada à disposição dos Ministérios Públicos a transcrição das oitivas. Após receber a documentação, o procurador-chefe do MPE, Humberto de Matos Brites, prometeu dedicação no caso. “Iremos nos debruçar sobre a documentação. O Ministério Público vai fazer uma análise criteriosa dos documentos e analisar se ocorreu crime contra a saúde pública”, disse.

A CPI durou 187 dias (seis meses e uma semana), detectou diversas irregularidades e ilegalidades no setor e pediu providências a 13 órgãos públicos. O relatório final tem 104 páginas com várias recomendações. Durante o período de trabalho, a comissão realizou 35 audiências e vistoriou 14 hospitais.