Alfaiate resiste desde 1952 em Campo Grande e diz que roupa em série deixa clientes feios
Em tempos de roupas fabricadas em série na China, resiste em Campo Grande um dos primeiros alfaiates da cidade. Com 86 anos e a visão falha, João Ballock, ou JB, como ele mesmo se intitula, conta que até hoje trabalha para deixar os homens elegantes. Dos tempos áureos da alfaiataria, quando tinha até 30 funcionários […]
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Em tempos de roupas fabricadas em série na China, resiste em Campo Grande um dos primeiros alfaiates da cidade. Com 86 anos e a visão falha, João Ballock, ou JB, como ele mesmo se intitula, conta que até hoje trabalha para deixar os homens elegantes.
Dos tempos áureos da alfaiataria, quando tinha até 30 funcionários trabalhando, sobraram muitas histórias e o sonho de que todos vestissem roupas sob medida.
Atualmente, na Alfaiataria JB são cinco funcionários que trabalham na confecção e consertos de roupas, sempre sob a supervisão de João. Com a pouca visão que lhe resta, ele conta que tudo é feito no tato.
Ele explica que o contramestre corta as roupas, enquanto os outros fazem calças, coletes, camisas e ternos. Um deles fica incumbido de consertar o que os clientes trazem para ficar com ‘cara de roupa feita’.
Segundo Ballock, com o avanço da indústria e o barateamento das roupas feitas em série, os trajes personalizados, feitos sob medida, deixaram de fazer parte da vida das pessoas. “Tem homem hoje com 30 anos que nunca fez um terno de alfaiate”, indigna-se o homem que há 61 anos persiste no ofício.
“Hoje todo mundo compra feito. É bem mais barato. Mais que 50% menor. Ai vem aqui e conserta”, explica. O conserto é para dar o corte certo à roupa. Ele explica que os clientes trazem os ternos já comprados e ali fazem os ajustes necessários para a roupa ter um melhor caimento.
Para falar da importância do caimento diz que têm três tipos de roupa: a comprada pronta, a consertada e a feita para você. A mais elegante vocês já sabem qual é. “Uma roupa feita no alfaiate fica com a cara de quem a veste. Isso é elegância. O tecido não foi feito para cobrir o corpo e sim para realçá-lo”, diz gesticulando e imaginando um manequim a sua frente.
A elegância na vida de JB sempre foi coisa séria, mas espirituoso brinca com a história e até slogan criou para falar sobre isso: mais vale um homem feio bem vestido que o bonito mal vestido’. A frase ficou famosa na frente da alfaiataria que funciona há mais tempo na cidade.
E, apesar de pouco enxergar, os olhos de quem via além dos tecidos não deixaram a sensibilidade de lado. Olhando para a repórter, sorrindo, diz: ‘se você quiser ficar mais bonita, mais alta, mais magra, e só fazer um terninho aqui’.
Ele lembra que o trabalho especializado não custa barato, sabe que a roupa sob medida sai mais que o dobro do preço da industrial. Mas, o resultado como ele gosta de ressaltar é a elegância garantida para quem a veste.
Para finalizar diz que seu sonho é lançar o Clube da Alfaiataria, onde haveria cursos de corte e costura e as pessoas poderiam se vestir todas com roupas sob medida para realçar a beleza de cada um.
Em tempo, a alfaiataria de seu Ballock fica na rua 26 de Agosto, esquina com a 13 de Maio, bem no centro de Campo Grande. (Texto editado para acréscimo de informações)
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