Adolescente americano que criou teste para detectar câncer rejeita rótulo de nerd

Jack Andraka, 16, nasceu em Crownville, Maryland, nos EUA. No ano passado, ele recebeu o grande prêmio da Feira Internacional de Ciência e Engenharia, nos EUA, por sua pesquisa sobre um novo método para diagnosticar câncer de pâncreas. Em novembro, deu uma palestra sobre inovação no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e, na semana passada, […]

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Jack Andraka, 16, nasceu em Crownville, Maryland, nos EUA. No ano passado, ele recebeu o grande prêmio da Feira Internacional de Ciência e Engenharia, nos EUA, por sua pesquisa sobre um novo método para diagnosticar câncer de pâncreas.

Em novembro, deu uma palestra sobre inovação no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e, na semana passada, escreveu um artigo para o “New York Times” sobre o ensino de ciência. Jack, que é gay, quer se tornar referência para jovens cientistas que pertençam a minorias.

Já estive quatro vezes na Casa Branca com o presidente Obama e fui convidado a dar palestras em conferências médicas na França, na Itália, na Austrália e no Reino Unido, quase sempre falando sobre inovação e a importância de se estimular o interesse científico nas escolas.

Aos 15 anos, desenvolvi um teste que consegue diagnosticar precocemente o câncer de pâncreas. Meu tio morreu por causa disso e fiquei pensando no que eu podia fazer. Diferentemente das mulheres com tumor de mama, as vítimas desse câncer só têm o diagnóstico muito tarde, com uma alta taxa de mortalidade. Só 5% sobrevivem.

Desenvolvi um sensor usando papel-filtro e nanotubos para detectar proteínas ligadas ao câncer rapidamente, cem vezes mais que outros testes [ver ao lado].

Ganhei o primeiro prêmio da Feira Internacional de Ciência e Engenharia (ISEF) no ano passado, no maior evento para cientistas pré-universitários, e não parei.

ESTÍMULO

Depois de procurar mais de 200 cientistas e centros de estudos e ser rejeitado por todos, fui abrigado pelo Anirban Maitra, pesquisador de câncer de pâncreas da Universidade Johns Hopkins, um dos maiores centros de pesquisa no mundo.

Minha escola é normal, ninguém estava preparado para me estimular ou ajudar nas pesquisas. O ensino científico ainda é fraco e raro. Ler artigos em publicações especializadas é caríssimo.

Meu laboratório mesmo é a garagem de casa, onde meu pai tinha uma marcenaria e, desde crianças, meu irmão e eu podemos fazer mil testes e usar ferramentas que nosso pai sempre nos deu ou emprestou. Lembro de uma maquete com um rio de brinquedo onde a gente aprendeu física e como os objetos flutuam. Meu irmão mais velho ganhou prêmios científicos antes de mim.

Pouca gente da minha idade se interessa por ciência. Sou gay, contei aos meus pais e amigos quando tinha 13 anos, e quero servir de exemplo para jovens gays. Há pouca mulher, pouco gay, poucas minorias em geral fazendo ciência. É um clube de garotos heterossexuais (ri).

Nunca sofri preconceito, mas as minorias trarão outras questões, outros problemas, enriquecerão a ciência.

“NERDICE”

A mídia tem um papel enorme. Aquele seriado “The Big Bang Theory” mostra nerds e cientistas como gente antissocial, os estranhos que não sabem se relacionar. A série “Bones” é melhor, mostra que ciência é legal.

Não sou um nerd clichê. Pratico esportes, tenho amigos, não me sento escondido no canto.

Ainda não sei nem que faculdade vou cursar. Só sei que quero continuar com pesquisas. Fui procurado por quatro grandes laboratórios que querem comercializar a minha invenção. Estou vendo qual é o melhor. Depois vem uma longa fase de testes e a aprovação pela FDA [agência reguladora de remédios dos EUA]. Leva de 5 a 10 anos até poder ser comercializado.

As escolas estão atrasadas em estimular a ciência. Encontrei vários estudantes brasileiros nas feiras de que participei. O “Team Brazil” era bem animado. Eles têm bastante apoio por lá?

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