As performances da Petrobras na Bovespa, este ano, têm acompanhado as expectativas pessimistas da própria presidente da empresa, Maria das Graça Foster, que anunciou que 2013 será “complicado” para a estatal. No pregão desta quarta-feira de cinzas (13), os papéis da petrolífera fecharam em baixa de 0,81%. No ano, a perda acumulada já chega a 18,82%.

A queda da Petrobras influenciou fortemente o índice Ibovespa que também recuou e, após muita volatilidade, fechou o pregão em baixa de 0,16%, aos 58.405 pontos. O dólar também desceu e está cotado em R$ 1,96.

Lucro baixo desanima investidores

Na Petrobras, desde o anúncio na queda no lucro líquido de 2012, que foi R$ 21,1 bilhões, resultado 36% menor do que o de 2011 e o pior desde 2004, os investidores têm mostrado desconfiança na compra e venda das ações.

A situação pode piorar ainda mais, já que o reajuste da gasolina concedido pelo governo na semana passada não foi suficiente para fazer frente à defasagem dos derivados em relação ao preço do barril de petróleo no mercado externo e pelo fato do mercado não acreditar em um novo reajuste ainda este ano. É o que afirmou o economista Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, para a Agência Brasil.

“O reajuste foi pequeno e, como a própria presidente Graça Foster admitiu, ele não acabou com a defasagem existente. Ele alivia por pouco tempo, dá um certa oxigenação no caixa da companhia, mas não resolve o problema; e, em segundo lugar, porque o problema de geração de caixa continua, porque não há perspectiva de novos reajustes em 2013 e porque estamos passamos por um processo inflacionário com as taxas crescendo acima da meta. Sem falar no fato de que, do meio do ano para frente, começa a campanha para presidente da República e, em tempos de campanha, nenhum partido mexe no preço da gasolina”.

Preços dos combustíveis são os responsáveis

O principal motivo para o péssimo desempenho da Petrobras em 2012, segundo Pires, foi o controle dos preços dos combustíveis imposto pelo governo, que se mantiveram fortemente defasados em relação ao mercado internacional.

“E isso aconteceu em um momento de forte crescimento da demanda, quando a empresa se viu obrigada a elevar substancialmente as suas importações de gasolina e diesel, ocasionando um prejuízo de R$ 34,2 bilhões na área de abastecimento. Com isto, o prejuízo na área de abastecimento cresceu 136% em relação ao ano de 2011 e o resultado de 2012 só não foi pior devido a R$ 2,6 bilhões em receitas financeiras”, disse.

O economista concorda com a opinião de Maria das Graças Foster de que a estatal ainda terá um ano de 2013 bastante ruim. Porém, ele acredita que processo de recuperação da companhia será retomado “dentro de três ou quatro anos”. Ainda assim, observa ele, apenas se o acionista majoritário – o governo – ajudar.

“A Petrobras tem condições de sair deste buraco até porque ela dispõe de reservas. Petróleo para caramba, tem gás em abundância, mas para a sua recuperação serão necessários mais uns três anos. Para isso, o acionista majoritário teria que ajudar”.

Ações descoladas

Uma das características observadas nos últimos pregões da Bovespa é o descolamento entre os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras (PETR3 e PETR4). No pregão desta quarta, por exemplo, enquanto as ações ordinárias fecharam em baixa de 0,81%, as preferenciais subiram 0,34%.

As direções opostas acontecem desde o anúncio da estatal de um juro sobre capital próprio menor para as ações ordinárias. Ainda sim, o acumulado da PETR4 permanece em queda de 8,81% no ano. Os números são do site InfoMoney.