A guerra de Maduro contra a ‘agiotagem’ na Venezuela

O governo da Venezuela anunciou uma ofensiva para aumentar o controle estatal sobre preços de bens e serviços para conter a alta de preços e a especulação. A ofensiva está sendo marcada por grandes ações de fiscalização e tomada de lojas de redes de varejo. O presidente Nicolás Maduro diz que quer combater a ação […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O governo da Venezuela anunciou uma ofensiva para aumentar o controle estatal sobre preços de bens e serviços para conter a alta de preços e a especulação.

A ofensiva está sendo marcada por grandes ações de fiscalização e tomada de lojas de redes de varejo.

O presidente Nicolás Maduro diz que quer combater a ação de “agiotas”, e que pedirá poderes especiais para estabelecer margens de lucro e elevar penas para operações de câmbio ilícitas.

Analistas afirmam que a ofensiva do governo vem perto de eleições municipais e lembram medidas adotadas por Hugo Chávez, morto em março deste ano, que promovia grandiosas ações públicas antes de eleições.

Qual é estratégia do governo?O presidente disse querer proteger o povo venezuelano dos “parasitas burgueses, especuladores e saqueadores”. Eles são responsabilizados pela alta dos preços e praticam, segundo o governo, “agiotagem”.

Maduro pediu ao Congresso poderes legislativos especiais para criar leis que determinem “margens máximas e mínimas de lucro” em todos os serviços e produtos de oferta nacional.

Maduro também vai tentar impôr mais sanções a quem se aproveitar do controle cambial para importar produtos com dólares adquiridos pela taxa oficial e depois vendidos no paralelo.

Por que a ofensiva foi lançada?A inflação anual na Venezuela chega a 54% e os preços de produtos não tabelados estão fora de controle.

Os vendedores justificam a alta alegando que são forçados a comprar dólares para importar no mercado negro, onde custam quase dez vezes mais do que o dólar oficial.

A alta dos preços afeta duramente a vasta população pobre do país, apesar dos subsídios e programas de bem-estar financiados pelas vendas de petróleo. Além disso, há escassez de produtos básicos, de leite a papel higiênico.

As medidas estão sendo aplicadas a poucas semanas das eleições municipais, no próximo dia 8 de dezembro. Uma votação que muitos estão interpretando como um “semiplebiscito” sobre o governo de Maduro e uma forma que o presidente encontrou para tentar melhorar sua popularidade.

Que ações o governo vem promovendo?O governo enviou soldados a uma rede de eletrodomésticos e inspetores a dezenas de lojas para fiscalizar preços supostamente abusivos.

Funcionários do governo gravaram imagens de televisores, lavadoras e aparelhos de condicionado que, segundo o governo, tiveram um aumento no preço de até 1.000%.

As autoridades tomaram o controle de uma loja da cadeia Daka, vendendo produtos a preços reduzidos.

O governo também anunciou que cinco gerentes de loja serão processados por subir preços sem justificativa e por violar normas cambiais.

Quem são os mais atingidos?O Estado poderá controlar os preços de bens e serviços de todos os setores da economia, com o objetivo de reduzi-los.

Maduro assegurou que a campanha de fiscalização de preços de eletrodomésticos se estenderá a lojas de brinquedos, têxteis, calçados, ferragens, veículos e alimentos.

A Conatel, entidade regulatória de telecomunicações, também ordenou os provedores locais de internet a bloquear todos os sites que publicam as taxas de câmbio do mercado negro.

Qual foi a reação?Assim que foram anunciadas as operações de controle de preço em redes de eletrodomésticos, milhares de pessoas foram às lojas para se aproveitar dos preços tabelados.

Na cidade de Valência ocorreram saques e brigas entre consumidores. Imagens de TV mostram dezenas de pessoas correndo do local com televisores de tela plana e outros produtos. Pelo menos cinco pessoas foram presas.

A oposição acusou Maduro de fomentar o caos em vez de defender os pobres. Também reclamou do controle excessivo do Estado sobre a economia, assim como da corrupção e da escassez de divisas estrangeiras para importações.

Conteúdos relacionados