Os venezuelanos começaram a votar neste domingo em eleições regionais nas quais o governo busca uma ampla vitória e oposição tenta confirmar a liderança de Henrique Capriles, em um clima de incerteza pelo delicado estado de saúde do presidente Hugo Chávez, internado em Cuba. Os locais de votação abriram as portas às 6h (8h30 de Brasília) e devem permanecer assim até 18h (20h30). Mas o Conselho Nacional Eleitoral Electoral (CNE) permitirá a continuidade da votação nas áreas com filas no momento do encerramento.

As eleições são marcadas pelo delicado estado de saúde de Chávez, que segundo o boletim divulgado no sábado à noite pelo governo se recupera de forma “progressiva” em Cuba da quarta operação em 17 meses contra um câncer. Na votação regional, o governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) busca reconquistar os redutos da oposição, especialmente o petroleiro Zulia (noroeste) e Miranda (que envolve parte de Caracas), os mais ricos e populosos do país. O chavismo controla atualmente 15 estados, a oposição sete e um, Monagas (sudeste), é independente.

Como nas presidenciais de outubro, nas quais Chávez foi reeleito com 55% dos votos para o terceiro mandato de seis anos, o PSUV adotou a estratégia de ‘um por dez’, para que cada simpatizante chavista consiga dez votos. A oposição tentará conservar as vitórias obtidas em 2008, quando a participação alcançou 66%, e seu líder Capriles lutará pela reeleição em Miranda contra o ex-vice-presidente Elías Jaua, – uma das figuras fortes do governo -, depois de perder a eleição presidencial para Chávez.

Para analistas, Capriles joga o futuro político em um desafio duplo: precisa da vitória para reforçar a liderança depois de obter a maior votação obtida pela oposição contra Chávez (44% dos votos) e garantir ainda sua candidatura caso o presidente não possa assumir o terceiro mandato em 10 de janeiro se sejam convocadas eleições em um prazo de 30 dias.

Chávez, 58 anos, foi operado na terça-feira passada em um hospital de Havana, pela quarta vez, de um câncer cuja localização jamais foi revelada, e enfrenta um pós-operatório que o governo define como “complexo”. Reeleito no mês de outubro para mais um mandato, Chávez deveria assumir a presidência no próximo dia 10 de janeiro.

O vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, afirmou no sábado que a eventualidade de Chávez não retornar ao país até 10 de janeiro “depende” dos médicos, mas explicou que “não é a preocupação agora” do partido. Antes de partir para Havana, Chávez designou o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, seu herdeiro político para o caso de permanecer “inabilitado”, uma decisão inédita que aumentou os temores sobre a gravidade de seu estado de saúde, pois em nenhuma das ausências anteriores ele insinuara a possibilidade de um sucessor.