O bloco de nações sul-americanas Unasul manterá o Paraguai fora do grupo até que aconteçam eleições gerais em abril do ano que vem, ratificando sua postura contra o governo que assumiu após a destituição, em junho, do ex-presidente Fernando Lugo em um questionado processo de impeachment.

O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, disse à Reuters nesta sexta-feira em Lima, no Peru, que essa postura foi confirmada na reunião de presidentes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

“O que se estabelece é que a Unasul mantém sua postura até as próximas eleições” de 2013 no Paraguai, afirmou Patiño às margens das reuniões do bloco em um hotel na capital peruana.

“O que a Unasul poderia fazer é analisar a possibilidade de participar com sua comissão eleitoral no processo eleitoral. Mas não vai reintegrá-lo até depois (do pleito)”, acrescentou.

A posição da Unasul foi incluída na Declaração Final da Sexta Reunião de Chefes de Estado ou presidentes do bloco, que concordou, entre outras coisas, com um plano de interligação rodoviária na região no valor de 17 bilhões de dólares que serão auditados no prazo máximo de 10 anos.

PARAGUAI PREOCUPADO

Participaram da reunião em Lima apenas os presidentes de Colômbia, Equador, Chile, Uruguai, Suriname e Guiana, dos 11 países que integram o grupo regional, sem considerar o Paraguai.

Após a destituição de Lugo, o governo do novo mandatário Federico Franco ficou praticamente isolado na região. Além da Unasul, o Mercosul também suspendeu os direitos políticos do Paraguai no bloco.

Depois da decisão da Unasul, a chancelaria paraguaia disse em comunicado que a preocupação do bloco com a democracia paraguaia é uma mera fachada para justificar a “suspensão ilegal” do país no Mercosul, que integra junto a Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela.

“A perseguição sistemática da Unasul em relação ao Paraguai é uma nova forma de intervencionismo, que vai contra os princípios consagrados na Carta das Nações Unidas e contra as normas e princípios que regem as relações pacíficas entre os Estados”, acrescentou.

A pressão regional representa riscos potenciais para a complicada economia paraguaia, que depende dos portos de seus vizinhos Argentina, Brasil e Uruguai para o transporte e o abastecimento de bens e a exportação de seus produtos.