Thomaz Bastos descarta uso da delação premiada por Carlinhos Cachoeira

O advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que defende o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o  Carlinhos Cachoeira, descartou a possibilidade de seu cliente fazer uso da delação premiada, benefício que permite ao acusado reduzir sua pena em troca de informações que ajudem na investigação de crimes. “Não existe essa possibilidade”, afirmou o advogado, […]

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O advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que defende o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o  Carlinhos Cachoeira, descartou a possibilidade de seu cliente fazer uso da delação premiada, benefício que permite ao acusado reduzir sua pena em troca de informações que ajudem na investigação de crimes.

“Não existe essa possibilidade”, afirmou o advogado, ao ser questionado por jornalistas após o depoimento de Cachoeira na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga a relação do contraventor com parlamentares e agentes públicos. Cachoeira recusou-se a responder às perguntas feitas durante as 2h30 do depoimento, mas afirmou que tem “muito a dizer” à Justiça de Goiás.

A audiência de instrução sobre a Operação Monte Carlo, na qual o bicheiro irá depor, está marcada para os dias 31 de maio e 1º de junho na 11ª Vara Criminal Federal de Goiânia. Bastos afirmou que pediu à Justiça a anulação das provas da Polícia Federal que, segundo o advogado, não foram obtidas de forma legal. O ex-ministro disse que, após a audiência na Justiça goiana, Cachoeira poderá voltar a depor na CPMI.

Após o depoimento, a senadora Kátia Abreu, líder do PSD na Casa, criticou Bastos, que foi ministro no governo Lula durante seis anos. “Ele foi ministro coincidentemente no mesmo período em que o Mensalão virou caixa dois eleitoral. Estamos indignados com isso”, afirmou a ruralista. “Os R$ 15 milhões do senhor Cachoeira estão sequestrados. De onde virá o pagamento milionário do senhor Márcio Thomaz Bastos?”, questionou.

Contraventor silencia
O relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), afirmou que o silêncio de Cachoeira já era esperado. “Não se pode esperar que um chefe de quadrilha como ele venha a uma CPMI sem estar muito bem orientado. Temos outros meios de colher as evidências das ilicitudes”, disse.

Já o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) viu o silêncio do contraventor como uma “admissão de culpa”. “A presença dele não trouxe declarações, mas é uma admissão de culpa. Teremos ainda outros meios para chegar às informações de que precisamos.”

Para o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), o depoimento de Cachoeira não “esclareceu nada”, mas “já é um primeiro enfrentamento”. “Ele viu que é necessário respeitar os parlamentares e em uma outra ocasião não vai ter desculpas para se esconder.”

O deputado federal Onix Lorenzoni (DEM-RS) classificou de “arrogante” a postura de Cachoeira. “Ele foi arrogante no único momento em que foi espontâneo. Ele voltará outras vezes a esta CPMI”, disse. O parlamentar afirmou que foi ao Ministério Público do Distrito Federal e conversou com promotores da Operação San Michel, que investigou negócios da construtora Delta.

Segundo Lorenzoni, os promotores lhe confidenciaram que Claudio Abreu, principal aliado de Cachoeira na Delta, tinha autorização da cúpula nacional da empresa para fazer operações bancárias. Por conta disso, o deputado afirmou que é necessária a quebra do sigilo nacional da construtora, e não só da filial do DF.

 

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