Teste de DNA traz revelações sobre raízes de Michelle Obama
Joan Tribble caminhava com sua bengala pelo cemitério onde seus familiares foram sepultados. Ali estavam os pioneiros que povoaram a região árida da fronteira do norte do Estado da Geórgia, onde homens brancos que plantavam milho e algodão lutaram pela Confederação e eram donos de escravos. Mas uma linhagem de sua família acabou seguindo rumo […]
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Joan Tribble caminhava com sua bengala pelo cemitério onde seus familiares foram sepultados. Ali estavam os pioneiros que povoaram a região árida da fronteira do norte do Estado da Geórgia, onde homens brancos que plantavam milho e algodão lutaram pela Confederação e eram donos de escravos.
Mas uma linhagem de sua família acabou seguindo rumo ao norte em uma difícil viagem que os levou à Casa Branca.
Os homens e mulheres brancos que estão enterrados neste cemitério são antepassados de Tribble, uma contadora aposentada que se deleita com a chegada de seus dois netos e passa suas manhãs de domingo na igreja. Eles também são os antepassados de Michelle Obama, a primeira-dama dos Estados Unidos.
A descoberta desse inesperado laço familiar entre a mulher afroamericana mais importante da nação e uma mulher branca do subúrbio de Atlanta ressalta a mistura racial que continua a conectar inúmeras famílias americanas mais de 140 anos após a Guerra Civil ter acabado.
A ligação foi estabelecida por mais de dois anos de pesquisas sobre as raízes de Michelle Obama, que incluíram testes de DNA de seus parentes brancos e afroamericanos. Assim como muitos outros afroamericanos, Michelle estava consciente de que tinha ascendência branca, mas não tinha conhecimento profundo sobre o assunto.
Árvore genealógica
Agora, pela primeira vez, os antepassados brancos que permaneceram escondidos na árvore genealógica da primeira-dama podem, enfim, ser identificados. E seus laços de sangue não são apenas com os mortos. Ela tem muitos primos distantes brancos que vivem na Geórgia, Carolina do Sul, Alabama Texas e outros lugares, que por sua vez estão apenas agora descobrindo seu parentesco com ela.
Alguns dos parentes de Tribble se recusaram a discutir o assunto além das portas fechadas de suas casas, temendo que pudessem ser difamados como racistas ou forçados a responder publicamente por seus antepassados.
Tribble decidiu aceitar abertamente sua história e a nova extensão de sua família. “Eu realmente não posso mudar nada do que aconteceu”, disse Tribble, que gostaria de conhecer Michelle Obama um dia. “Mas eu posso ter a mente aberta para as pessoas e aceitá-las e espero que elas me aceitem também.”
Michelle se recusou a comentar a respeito das conclusões sobre suas raízes genealógicas, bem como sua mãe e seu irmão. Porém, cada vez mais membros afroamericanos de sua família disseram que seus pais, avós e outros parentes nunca discutiram com eles a escravidão ou as origens da ascendência branca da família.
Os Estados Unidos de hoje surgiram dessa mistura racial, uma nação povoada pelos herdeiros de uma era agonizante que lutaram e se esforçaram sem necessariamente saber muito sobre suas próprias origens. Em 1890, o Census contabilizou cerca de 1,1 milhões de americanos com ascendência mista.
Todos os quatro avós de Obama tiveram antepassados com origens multirraciais. Havia imigrantes irlandeses, que vieram aos Estados Unidos em busca de novas possibilidades e muitos afroamericanos que saborearam a liberdade muito antes da Guerra Civil. Alguns foram classificados como pardos no censo, enquanto outros afirmaram ascendência da tribo indígena Cherokee.
Houve ainda alguns vestígios de uma ligação com uma família judia com laços com uma sinagoga em Charleston, Carolina do Sul, que se tornou o berço do Movimento da Reforma Judaica americana no século 19.
Os ancestrais de Michelle então acabaram indo para o norte, com alguns chegando em Illinois no início dos anos 1860. Outros se instalaram nos Estados de Maryland, Michigan e Ohio.
DNA
Essa descoberta acontece em uma época em que um número crescente de americanos, afroamericanos e brancos, descobrem as histórias de suas próprias famílias, fazendo proveito de um acesso generalizado a testes de DNA e registros genealógicos disponíveis na internet.
Jennifer L. Hochschild, professora de estudos africanos e afroamericanos de Harvard, que estudou o impacto dos testes de DNA na identidade racial, disse que esse é um território ainda desconhecido. “Essa é uma nova arena social”, disse Hochschild. “Nós não temos uma etiqueta para isso. Nós ainda não temos normas sociais para lidar com tudo isso.”
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