Tecnologia não vai modificar a literatura, diz presidenta da ABL
A internet e os novos dispositivos eletrônicos de leitura não vão mudar a essência da literatura. A avaliação é da presidenta da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ana Maria Machado. Ela participou hoje (9) da Festa Literária Internacional das Unidades de Polícia Pacificadora (Flupp), que será realizada até domingo (11) na comunidade do Morro dos […]
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A internet e os novos dispositivos eletrônicos de leitura não vão mudar a essência da literatura. A avaliação é da presidenta da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ana Maria Machado. Ela participou hoje (9) da Festa Literária Internacional das Unidades de Polícia Pacificadora (Flupp), que será realizada até domingo (11) na comunidade do Morro dos Prazeres, em Santa Teresa. Ana Maria conversou com um grupo de crianças e adolescentes de escolas públicas do Rio e respondeu a perguntas da plateia.
“A tecnologia não vai modificar a literatura. Pode mudar o mercado de livros. Mas a literatura é a mesma desde que existe a linguagem. Muito antes de existir a escrita, já existia Homero, com a Odisseia e com a Ilíada. A literatura já foi escrita em papiro, em pergaminho, em rolo, em tablita [tabletes de argila]. O que muda é o suporte dela, se é uma tela [de computador] ou se é um livro, isso é secundário.”
Autora de 140 livros, com cerca de 19 milhões de exemplares vendidos, traduzidos para diversas línguas, a presidenta da ABL disse que ainda não disponibilizou nenhuma obra em formato eletrônico. “Enquanto não se descobrir como remunerar o direito autoral, fica só a pirataria”.
Sobre a presença da ABL na Flupp, realizada em uma área onde antes da pacificação das UPPs aparecia quase diariamente na imprensa por causa de tiroteios envolvendo o tráfico de drogas, Ana Maria disse que a academia tem uma ligação histórica com as favelas.
“A gente tem que lembrar que o fundador da academia, Machado de Assis, nasceu no Morro da Providência, a primeira favela do Brasil. Nossa presença aqui é uma volta ao lugar de onde nunca deveríamos ter saído. Não devíamos ser uma cidade partida. Devemos todos estar juntos, na grande síntese cultural brasileira.”
Uma das perguntas feitas pelos estudantes à autora foi sobre qual era o prazer de sua profissão. “O prazer de ser escritora é poder tocar o outro. Poder chegar à mente, ao coração de outras pessoas. Falar em nome dos outros. Fazer com que o outro se reencontre na gente e que cada um se conheça mais pelo o que a gente escreveu.”
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