Segundo o MP, há indícios de lavagem de dinheiro em operações que movimentaram mais de R$ 25 milhões entre 2010 e 2011. O morador de Dourados foi apontado como um dos principais destinatários do suposto esquema.

O escândalo deflagrado pela Operação Monte Carlo, da Federal, chegou a Mato Grosso do Sul. Pelo menos para um morador de Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande, apontado na última semana pela Agência Estado como um dos principais destinatários de dinheiro em uma suposta rede de laranjas montada pela Delta Construções.

Segundo a reportagem, reproduzida por inúmeros jornais brasileiros, o tecnólogo Pedro Batistoti Júnior seria ex-funcionário da Delta em Mato Grosso do Sul e laudos da PF indicariam que a conta bancária dele teria recebido R$ 300 mil. “Não tenho nada com isso”, disse à agência de notícias.

A reportagem tentou contato com Batistoti neste domingo (22).

Por telefone, uma mulher que se identificou como Zilda, esposa dele, disse que a família está surpresa com o envolvimento de Batistoti no escândalo nacional. “Não sabemos como conseguiram o CPF e colocaram o nome dele nisso tudo. Nunca vimos uma quantia alta dessas em nenhuma conta bancária”, garante.

Segundo ela, até o momento Pedro não recebeu nenhum comunicado oficial sobre o suposto envolvimento. “Ele não sabe como foram colocar o nome dele. Pegaram os dados e colocaram ele na mídia nacional, mas nós não recebemos nenhuma notificação oficial, não tem nada contra ele”, conta.

Ainda de acordo com Zilda, Pedro não possui qualquer tipo de vínculo com a Delta e não tomou nenhuma medida judicial porque até o momento não tem do que se defender. “Ele não recebeu nada contra ele. E se olharem nas contas, não tem nenhuma movimentação que estão falando. É muito dinheiro”, conclui.

Empreiteiras lavando dinheiro

Segundo a Agência Estado, a Delta Construções é suspeita de montar uma rede de laranjas para lavar dinheiro numa triangulação com outra construtora, a Alberto e Pantoja Construções e Transporte Ltda. As suspeitas são investigadas pela Polícia Federal no âmbito do inquérito da Operação Monte Carlo e também são alvo de investigações no Ministério Público.

As investigações, segundo o Ministério Público, teriam reunido indícios de lavagem de dinheiro em operações que movimentaram mais de R$ 25,8 milhões entre 2010 e 2011.

Outras pessoas foram citadas como supostos laranjas. Há nove anos trabalhando em um salão de beleza em Goiânia, o cabeleireiro Jefferson Dirceu Santos também aparece na lista de destinatários dos recursos. “Que? R$ 60 mil? Nunca recebi nada desse valor e muito menos dessas pessoas. Só podem ter usado o meu nome”, disse à reportagem.

As relações da Delta com a organização criminosa comandada por Carlinhos Cachoeira vieram à tona com a Operação Monte Carlo. Segundo as investigações, Cachoeira era ligado ao então diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu.

Eles negociavam contratos da empresa com o poder público. A suspeita é de que subornavam servidores públicos e que de que participavam da arrecadação ilegal para campanhas eleitorais.