Sueco passa por Corumbá em aventura por rios da América do Sul

Bastante difundido como embarcação para esportes radicais, o caiaque tem assumido papel fundamental, nos últimos seis meses, na vida do sueco Christian Bodegren, 38 anos, que resolveu conhecer o continente sul-americano de um jeito bem diferente. O estrangeiro chegou a Corumbá no domingo, 18 de março, depois de percorrer os 679 quilômetros que separam a […]

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Bastante difundido como embarcação para esportes radicais, o caiaque tem assumido papel fundamental, nos últimos seis meses, na vida do sueco Christian Bodegren, 38 anos, que resolveu conhecer o continente sul-americano de um jeito bem diferente.

O estrangeiro chegou a Corumbá no domingo, 18 de março, depois de percorrer os 679 quilômetros que separam a cidade sul-mato-grossense do município de Poconé, no estado vizinho de Mato Grosso, usando o caiaque como meio de locomoção pelo rio Paraguai.

Entretanto, a aventura de Christian começou bem antes, em setembro, quando desembarcou na Venezuela, mais precisamente na cidade de Tucupita, onde iniciou sua jornada no Delta do rio Orinoco. Ele contou ao Diário que, após cruzar a Venezuela, entrou no Brasil percorrendo os estados do Amazonas e de Rondônia ao longo de rios da região tais como Negro, Amazonas, Madeira, Mamoré, até parar no Guaporé, este último que adentra no estado de Mato Grosso.

Ele contou que um trecho da viagem teve que ser feito por estrada já que não havia conexão fluvial e, nessa etapa, segundo Christian, ele conheceu uma das características do povo brasileiro: a tendência a ser prestativo.

“Para mim, não foi problema”, afirma ao contar que as pessoas o ajudaram no transporte não somente dele, mas também do seu “companheiro” caiaque. Com a ajuda das pessoas, ele chegou até a cidade de Cáceres, onde retornou com a embarcação para o rio, desta vez, o Paraguai.

Bodegren, que é carpinteiro e vive de construir andaimes na Noruega, explica que conhecer lugares diferentes do pequeno povoado onde vive na Suécia o ajuda a crescer como ser humano. Ele diz que desde muito jovem o desejo de viajar em longas jornadas por continentes diferentes o atrai.

“Isto é um hobby e quando volto à Suécia mostro as fotografias da vida animal, da cultura, das evidências dos povos e faço mostras de tudo o que cliquei já que onde vivo as pessoas moram em grande maioria no campo em lugares afastados e conhecem pouco fora de seu território”, explicou o aventureiro ao dizer o porquê de escolher a jornada solitária pelas hidrovias sul-americanas.

“É um sonho antigo meu porque li livro sobre isso e neles encontrei evidências de populações que viviam aqui há 15 mil anos. E esses rios foram importantes para o desenvolvimento do continente quando os povos foram colonizados, as primeiras povoações”, falou.

Christian, que fala o idioma Inglês e um pouco do Espanhol, conta que, muitas vezes, precisa recorrer à linguagem corporal para ser entendido pelos povoados que percorre. Entretanto, a língua diferente não é um dos maiores problemas enfrentados pelo sueco que aprendeu rapidamente uma palavra em português: mosquitos.

Contudo, ele avalia que o nosso Pantanal tem abundância não somente dos insetos que acabam causando incômodo, mas também um grande número de animais silvestres. “Pelos locais que passei nessa expedição não tinha visto tantos animais, principalmente jacarés e capivaras, como pude ver aqui”, afirmou.

Rotina guiada pela natureza

Christian Bodegren detalhou que sua rotina pelos rios segue o ritmo da natureza, começando logo quando o Sol se levanta e só termina por volta das 17 horas, quando a claridade natural vai diminuindo.

“Procuro um lugar para montar minha rede e uma capa impermeável que a cobre. Descanso, mas fico atento a tudo ao meu redor. Às vezes, é impossível achar lugar para parar e tenho que remar a noite inteira”, disse ao contar um episódio desesperador que passou numa dessas ocasiões.

“Numa noite, apareceu um pequeno buraco no caiaque, eu ia remando e a água subindo. Só depois de 4 horas é que vi uma luz. Eram pessoas que estavam coletando cupins para servir de isca (para tuvira) e elas me ajudaram tampando o buraco com durepox”, lembrou o sueco que deixou Corumbá nesta sexta-feira, 23 de março, com destino à cidade de Buenos Aires, na Argentina, onde pretende encerrar a aventura pela América do Sul, ao atingir o Oceano Atlântico.

O sueco tem um site (www.christianbodegren.com) onde relata suas aventuras pelo mundo. Uma delas foi ter cruzado o deserto do Saara em dromedários durante 8 meses. Se tudo o que planejou der certo, Chistian pretende retornar para a Suécia no mês de junho com novas histórias e fotos que faz questão de expor para a comunidade onde vive. Para o aventureiro estrangeiro, todo seu esforço será compensado se seu estilo de vida puder mover outras pessoas.

“O que me conduz é a curiosidade, vontade de saber mais, ver com os próprios olhos. Se eu inspirar uma pessoa, para sair de casa e fazer algo saudável, já me sinto feliz”, finalizou.

(Esta reportagem contou com tradução da professora doutora Regina Baruki).

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