Subúrbio do Rio de Janeiro tem taxa de homicídio 20 vezes maior do que área pacificada
Excluídos até hoje pelo governo do Rio de Janeiro no plano de instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), bairros do subúrbio carioca com favelas historicamente dominadas pelo tráfico de drogas ou por milícias registraram, nos últimos 12 meses, uma taxa de homicídios até 1.900% maior do que a de bairros nobres da capital que […]
Arquivo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
Excluídos até hoje pelo governo do Rio de Janeiro no plano de instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), bairros do subúrbio carioca com favelas historicamente dominadas pelo tráfico de drogas ou por milícias registraram, nos últimos 12 meses, uma taxa de homicídios até 1.900% maior do que a de bairros nobres da capital que tiveram seus morros pacificados.
Isso significa que, na prática, o risco de um morador da Pavuna, bairro da zona norte onde não há UPP, ser violentamente morto é quase 20 vezes maior do que o de um turista em Copacabana, bairro da zona sul que conta com três unidades instaladas.
Levantamento feito pelo UOL com base nas estatísticas do ISP (Instituto de Segurança Pública) do Rio mostra que, entre maio de 2011 e abril deste ano, a taxa de homicídios no extremo norte da capital foi de 47,9 casos por 100 mil habitantes.
Reduto de milícias
Essa também é a realidade de quem mora no extremo da zona oeste, berço das milícias cariocas. Na região de Santa Cruz e Guaratiba, por exemplo, a taxa de homicídios foi de 43,6 casos por 100 mil habitantes. Na área vizinha de Bangu e Realengo, campeã das mortes violentas da capital (268 vítimas), a taxa foi de 39,4 casos.
Já em Campo Grande, onde os grupos armados formados por policiais e ex-policiais controlam serviços públicos, como transporte coletivo, a taxa foi de 33,4 homicídios por 100 mil habitantes. Para efeito comparativo, a taxa de mortos na Guerra do Iraque em 2004 foi de 34,9 vítimas, segundo o Global Burden of Armed Violence. No Rio, a taxa é de 27 casos por 100 mil habitantes.
Juntas, essas três áreas do subúrbio da zona oeste do Rio somam 1,6 milhão de moradores, 26% da população carioca (6,3 milhões), e assistiram a 37,5% de todas as mortes violentas registradas na capital (1.715) nos últimos 12 meses.
Mas quando o assunto é UPP, a conta é inversamente desproporcional. Das 23 unidades instaladas até hoje na capital, 12 ficam na zona norte, a maior parte na Grande Tijuca, cinco na zona sul, quatro no centro e apenas duas na zona oeste (Cidade de Deus e Batam).
A crítica feita às UPPs por especialistas em segurança pública é justamente pelo fato de o governo ter priorizado a região do chamado corredor hoteleiro da cidade e as áreas que receberão eventos internacionais, como o estádio do Maracanã na Copa de 2014, e o sambódromo na Olimpíada de 2016, ambos na zona norte, em vez das zonas historicamente mais violentas do Estado, como o subúrbio carioca e a Baixada Fluminense.
“As UPPs estão basicamente na zona sul e na Grande Tijuca. As áreas contempladas na zona oeste foram específicas, não correspondem a uma estratégia territorial. Em Batam, por exemplo, houve o caso dos jornalistas que foram sequestrados e torturados [em maio de 2008]. O que a gente cobra é que a UPP escolha as áreas mais violentas. Como isso não aconteceu até agora, não surpreende que os números de mortes violentas sejam elevados nessas regiões”, afirma Ignácio Cano, coordenador do Laboratório de Análises da Violência da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Migração da violência
Além de terem sido preteridos pelas UPPs, os bairros do subúrbio sofrem ainda com a migração da criminalidade das áreas pacificadas. “Desde a instalação das UPPs na zona sul e na Grande Tijuca, nós vemos o fator migratório da violência exatamente para essas áreas das zonas norte e oeste, que foi potencializado desde a tomada do [Complexo do] Alemão [em novembro de 2010]. Isso já aumenta a incidência de confrontos”, diz Sandro Costa, vice-coordenador de segurança humana da ONG Viva Rio.
Foram 254 vítimas de homicídio doloso ou roubo, lesão corporal e resistência seguidos de morte. O número fez da região que abriga 15 bairros, entre eles Acari, Irajá, Pavuna, Ricardo Albuquerque e Vicente de Carvalho, a mais violenta da capital.
No mesmo período, a taxa de homicídios na região que abrange Copacabana e Leme (zona sul) foi de 2,4 casos por 100 mil habitantes, a mais baixa da cidade. Maior centro hoteleiro do Rio, o bairro onde moram 163,3 mil pessoas recebeu três das seis primeiras UPPs do Rio. O resultado foi uma queda de 84% das mortes violentas, de 25 vítimas em 2009, ano da primeira unidade, para quatro nos últimos 12 meses.
Por outro lado, no Morro do Chapadão, na região da Pavuna, quatro suspeitos foram mortos num único dia em uma operação do Bope (Batalhão de Operações Especiais), há três semanas. Sem UPPs, bairros do extremo da zona norte, onde moram 530 mil pessoas, têm sido palco cada vez mais frequentes de ações da Polícia Militar que, invariavelmente, terminam em troca de tiros e mortes.
Notícias mais lidas agora
- Antes de assassinato, homem foi visto em cima de telhado de casa de ex-superintendente em Campo Grande
- VÍDEO: Agente de saúde reage e parte para cima de ladrão durante roubo de celular no Aero Rancho
- VÍDEO: Rua do Colúmbia ‘ganha’ cachoeira após enxurrada e moradores ficam revoltados
- Dentista faz rinoplastia, provoca necrose em cliente e acaba procurada pela polícia em Campo Grande
Últimas Notícias
FCMS irá destinar R$ 100 mil para produções audiovisuais dirigidas por mulheres
O edital visa oferecer apoio financeiro para incentivar as diversas manifestações culturais em Mato Grosso do Sul
CRO-MS emite nota de repúdio a dentista que fez vítimas em procedimentos estéticos em Campo Grande
Uma das vítimas ficou com a boca torta depois de uma lipo de papada
CUFA é alvo de furto e arrecadações para Campanha de Natal são levadas
A entidade precisa de doações para atender mais de 300 pessoas em situação de vulnerabilidade
MC Ryan SP é processado em ação milionária por invadir escola em São Paulo
MC Ryan SP se passou por um aluno e invadiu uma escola pública em novembro do ano passado; agora, a coordenadora do local levou o caso à Justiça
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.