Mãe diz que houve negligência; filho passou mal, melhorou e voltou ao treinamento; ela só foi avisada quando o rapaz entrou na UTI

Um soldado da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, Brigada Guaicurus em Dourados passou mal durante treinamento e foi parar na UTI. O rapaz teve problema de saúde no primeiro dia do teste, na segunda-feira, mas os familiares só foram informados na noite de ontem.

O treinamento submete os recrutas a uma série de atividades físicas. Durante essa semana eles ficaram em um acampamento, no próprio Exército, e passaram por testes para receber a boina de soldado, na manhã de hoje.

Lucimary da Silva, mãe do soldado Leandro Kublik, fala sobre a situação. “Fiquei sabendo que meu filho passou mal ainda na segunda. Foi atendido na enfermaria do acampamento e após breve melhora teve que retornar às atividades físicas. Ele estava com dor de garganta e febre, mesmo assim ele foi obrigado a continuar o teste”, critica a mãe.

O rapaz teve hipotermia e os batimentos do coração, segundo a mãe, ficaram bem abaixo do normal. Leandro foi internado às presas na UTI do Hospital Santa Rita por volta das 19h30 desta quinta-feira. “Isso é um absurdo. A gente entrega o filho sadio para o Exército e recebe ele na UTI”, desabafa a mãe, reiterando que no primeiro dia que o filho passou mal ele não deveria mais retornar ao acampamento.

Lucimary disse que seu filho sempre foi contra servir o Exército. “Falamos com o comandante para dispensar ele, mas disseram que ele tinha que servir”, disse ela. O serviço militar é obrigatório. “Não quero que ele vá mais para o Exército”, reiterou.

Um outro soldado também passou mal no Exército e foi parar na UTI, na noite desta quinta-feira. O quadro dele é mais grave. Familiares não foram encontrados. Informações apuradas pelo Dourados Agora dão conta que ele teve parada cardíaca e falta de oxigênio no cérebro.

Acompanhamento

O major Rocha Lima disse que a Brigada Guaicurus está dando toda a assistência necessária aos soldados e seus familiares. Informou também que o quadro clínico dos dois é estável e não corre risco de morte.

Segundo ele, o soldado Kublik teve o quadro clínico de saúde agravado durante o acampamento, diferente da versão da mãe do rapaz, que informou que o filho passou mal, foi atendido, melhorou e teve que voltar às atividades físicas. “No acampamento há uma equipe médica que atende os soltados quando for necessário”, disse o major.

Sobre o outro soldado também de nome Leandro na UTI, informou que seu problema de saúde foi antes de entrar para o acampamento. “Ele teve uma crise de convulsão na segunda-feira. Atendido, não passou pelo acampamento, porém ele voltou ter outra crise nessa quinta, onde encaminhamos ao hospital”, declarou o major.

Questionado se os soldados passam por exames antes do rigoroso teste de atividade física, o major informou que no ato do alistamento são assistidos por uma junta médica e se no quartel apresentarem algum problema de saúde aí sim são submetidos a exames detalhados.

O soldado Kublik, segundo a mãe, não estaria apto a realizar atividades físicas de grande intensidade, mesmo assim o filho foi para o acampamento, atividade de praxe a todo soldado que incorpora ao Exército.

A mãe não quer que o filho volte para a Brigada Guaicurus, mas segundo o major o rapaz deverá cumprir as obrigações militares durante um ano, conforme determina a lei.