Como normalmente acontece nos grandes acidentes aéreos, a queda do avião que causou a morte de Orestes Prata Tibery Jr., no sábado (25), conta com uma personagem que escapou da morte por ter desistido da viagem. O felizardo é o servidor público Protázio Garcia Borges, 58 anos, amigo de longa data de Orestinho que constantemente viajava com o pecuarista para a sua fazenda. Desta vez, porém, o destino quis que ele permanecesse na cidade.

Marido da diretora do Crase Coração de Mãe, Nilce Figueiredo, ele optou por não viajar, para poder dar apoio a ela nas comemorações de três anos do órgão. Ficou sabendo da morte do amigo através da esposa, durante as festividades, que ocorreram pela manhã. “Quase desmaiei e na hora não acreditei”, descreve Protázio, que afirma ter visto Orestinho pela última vez, por volta das 6h50, quando este seguia em direção ao aeroporto, para o seu último voo. “Dei um tchau para ele e desejei boa viagem”, recorda-se. Aliás, Protázio relata que na sexta-feira (24), passou no escritório de Orestinho, mas ele não estava lá e que a noite não conseguiu dormir, com o coração angustiado e com uma preocupação que não entendia.

Ao comentar sobre Orestinho, Protázio diz que a sua morte foi uma perda irreparável. Conhecidos há mais de 50 anos, a amizade dos dois se tornou mais intensa através do futebol, no início da década de 70. Desde então, os dois nunca mais se separaram. “A gente era mais que amigo, éramos irmãos e eu estava com ele em todos os momentos difíceis”, recorda-se.

As viagens dos dois não eram apenas para a fazenda, mas já percorreram boa parte do país juntos. Os principais destinos eram as exposições agropecuárias como, por exemplo, em Uberaba (MG), Barretos (SP) e até no Paraguai. “Ele sempre passava na minha casa para me convidar”, diz.

Em relação às idas para a fazenda em Água Clara, Protázio conta que Orestinho gostava de fotografar as cachoeiras, quando o avião se preparava para aterrissar. Segundo ele, o pecuarista não tinha medo de voar e preferia os últimos bancos da aeronave. Ele diz ter sentido tanto a morte do amigo que nem ao menos chegou a comemorar o fato de não ter viajado naquele dia. “Se eu estivesse lá, de repente poderia ter sido diferente”, pondera, observando que tinha uma pequena noção de pilotagem e que às vezes controlava o avião no ar.