Serra ganha apoio do PSD e tenta afastar fantasma de racha no PSDB

O Partido Social Democrático (PSD), do prefeito Gilberto Kassab, formalizou neste sábado o apoio à pré-candidatura do ex-governador José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo, em um evento político marcado pela troca de elogios e por discursos de união dentro da aliança. Durante uma fala de 30 minutos, Serra disse que, se eleito, administrará […]

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O Partido Social Democrático (PSD), do prefeito Gilberto Kassab, formalizou neste sábado o apoio à pré-candidatura do ex-governador José Serra (PSDB) à Prefeitura de São Paulo, em um evento político marcado pela troca de elogios e por discursos de união dentro da aliança. Durante uma fala de 30 minutos, Serra disse que, se eleito, administrará em parceria com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), e esforçou-se para afastar o “fantasma” do racha de 2008, quando o tucano apoiou a reeleição de Kassab, enquanto Alckmin concorria a prefeito.

“Nós temos uma batalha difícil pela frente, portanto, temos que ter coesão. Aqui todo mundo tem de ser amigo desde criancinha”, disse Serra.

O pré-candidato também exaltou que a aliança com Kassab e o vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD), presente no evento, venceu todas as disputas em São Paulo desde 2002 – ambos eram do DEM, tradicional aliado do PSDB. “Só não estivemos juntos em 2008 (na eleição municipal, quando DEM e PSDB lançaram candidaturas próprias), no primeiro turno. Mas, no segundo turno, estávamos juntos novamente”, disse o pré-candidato, ignorando a polêmica em torno de seu apoio velado a Kassab naquela época.

Líder nas pesquisas, Serra já recebeu o apoio formal do PSD e do PV, e espera fechar com o DEM na próxima semana. Embora Kassab seja um desafeto dos democratas, já que levou muitos políticos do partido para sua nova legenda, o prefeito disse estar “muito feliz” com a aliança.

“É uma alegria muito grande. Quanto mais ampla a aliança, melhor”, afirmou Kassab. “O prefeito sempre fez questão de que o DEM viesse conosco”, completou Serra, que disse esperar ampliar ainda mais sua rede de aliados nos próximos dias. “Já é uma parte muito importante da aliança, mas tenho a expectativa que seja uma aliança muito maior ainda”, emendou o tucano.

Para apoiar Kassab, o DEM exigiu, nos bastidores, ficar com a vaga de vice na chapa, mas tanto Serra quanto Kassab desconversaram sobre a questão. “Essa questão de vice, vocês podem não acreditar. Ninguém falou comigo, eu não falei com ninguém, e eu não conversei nem comigo mesmo a esse respeito”, respondeu Serra.

Apesar do esforço para demonstrar que o partido está unido, uma ausência na campanha vem sendo notada: a do secretário estadual de Energia, José Aníbal, com quem Serra disputou as prévias do PSDB, em março. O secretário declarou apoio ao ex-governador, mas ainda não entrou na campanha. Questionado sobre o que o PSDB tem feito para integrar Aníbal aos trabalhos, Serra respondeu apenas que “nada de especial”, e mudou de assunto.

“Presidente”

O ato em apoio a Serra também foi marcado pela exaltação do tucano, chamado de “Superprefeito” por Afif, que o chamou de “presidente”. “São Paulo precisa de um prefeito que seja um presidente. E você é o nosso presidente, porque ganhou (as eleições de 2010) em São Paulo”, afirmou o vice-governador.

Serra aproveitou a deixa para criticar o governo federal e a gestão do PT na Prefeitura de São Paulo, entre 2001 e 2004, afirmando que o partido adversário copia suas ideias.

“Tudo bem copiar, mas tem que saber copiar direito. O governo federal criou o ‘Mãe Cegonha’ (segundo ele, inspirado no programa ‘Mãe Paulistana’), mas,até agora, a cegonha ninguém viu. A cegonha voou”, ironizou o tucano.

Procurada pelo Terra, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP) rebateu as críticas feitas por Serra, e afirmou que o programa Mãe Paulistana é uma versão do Nascer Bem, criado em sua gestão (leia aqui a íntegra da nota oficial da senadora petista).

Disputas anteriores

Segundo o ex-governador, o fato de ele ter disputado a Presidência da República em 2010 o torna mais capaz de administrar a cidade, – ele perdeu no segundo turno para Dilma Rousseff – lembrando que Alckmin e Afif também já concorreram ao cargo. “Temos aqui três ex-candidatos a presidente: o Afif, o Alckmin e eu. Agora nós queremos administrar a nação paulistana”, completou.

Apesar de lembrar a disputa à Presidência, Afif defendeu Serra das críticas dos adversários, que dizem que o tucano usará a prefeitura como um “trampolim” para a disputa em 2014, já que ele deixou a prefeitura em 2006 para concorrer ao governo, embora tenha dito à época que não sairia. “Ele não abandonou a cidade. Ele foi para o governo ajudar o Kassab”, disse.

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