O Senado argentino aprovou na madrugada desta quinta-feira o projeto da presidente Cristina Kirchner para expropriar o controle acionário da espanhola Repsol sobre a petroleira YPF, e enviou o texto à Câmara dos Deputados.

Governistas, aliados e as principais forças da oposição votaram a favor do projeto, que obteve 63 votos. Três senadores foram contra e quatro se abstiveram.

O texto foi enviado na madrugada desta quinta-feira à Câmara dos Deputados, cujo plenário votará a medida em uma semana, também sob o apoio do peronismo governista, aliados e das principais forças da oposição, incluindo social democratas e socialistas.

O presidente do bloco governista (peronismo kirchnerista), Miguel Pichetto, encerrou o debate no Senado com um discurso no qual assinalou que “ninguém vai derramar uma lágrima pela Repsol na Espanha, porque estão fazendo investimentos fora da Espanha e estão confundindo uma empresa com um país”.

A YPF produz 34% do petróleo e 25% do gás da Argentina, e responde por 54% do refino para o mercado, segundo o Instituto Argentino do Petróleo (IAP).

O projeto avança no legislativo em meio a fortes críticas por parte de Espanha, União Europeia, Estados Unidos e alguns organismos internacionais.

Alegando falta de investimentos na Argentina por parte da petroleira espanhola, o governo da presidente Cristina Kirchner anunciou na segunda-feira passada a nacionalização da YPF, após sua privatização em 1999.

O grupo Repsol advertiu no início da semana que processará qualquer empresa que aproveitar a expropriação da YPF para investir na petroleira argentina.

“Nós nos reservamos o direito de empreender ações legais contra qualquer investimento na YPF ou em seus ativos ilegalmente expropriados da Repsol”, declarou à AFP o porta-voz da empresa Kristian Rix.

O presidente do grupo espanhol, Antonio Brufau, anunciou que exigirá “uma compensação através da arbitragem internacional” que deverá “ser no mínimo igual” ao valor da participação da Repsol na YPF, estimada em 10,5 bilhões de dólares.