Presidente francês disse que não vai esperar pelos vizinhos; rival político e bancos criticaram a decisão

A três meses e meio das eleições presidenciais, o presidente da França Nicolas Sarkozy anunciou nesta sexta-feira (06/01) que “não vai esperar que toda a União Europeia esteja de acordo” para implementar no país o imposto sobre transações financeiras. Sarkozy não anunciou em que data pretende colocar a medida em vigor nem deu maiores detalhes sobre valorese abrangência.

“O fato de as transações financeiras serem as únicas exoneradas de impostos é algo inaceitável. A França caminha em direção de uma taxa sobre elas. E nós não esperaremos que todo mundo esteja de acordo, nós a introduziremos porque acreditamos nela”, disse Sarkozy.

O presidente francês disse ainda que viajará à Itália, com a chanceler alemã, Angela Merkel, no dia 20 de janeiro, para reunir-se com o chefe do governo italiano, Mario Monti.

Sarkozy, que se reuniu nesta sexta-feira no palácio do Eliseu com Monti, afirmou que Paris e Roma estão em perfeita sintonia com relação ao futuro da Europa e sobre a forma de resolver a crise de confiança no coração da zona do euro.

Os membros do governo não tiveram tempo de harmonizar o discurso. Minutos antes, o ministro da Economia François Baroin, afirmou que a medida será aplicada no “decorrer do ano”. Já Henri Guaino, conselheiro especial de Nicolas Sarkozy, afirmou à rede de TV BFM e à rádio RMC que uma decisão sobre o tema será tomada antes do mês de janeiro, mesmo que tenha sido discutida durante meses com a Alemanha. “Seria melhor se fosse feito juntamente com Berlim. (…) Continuaremos a discutir com eles na semana que vem. Mas a França está pronta a dar o exemplo nesse tema”.

Segundo o jornal Libération, de orientação de esquerda, a intenção de Sarkozy é que o projeto seja votado antes mesmo das eleições presidenciais de abril, onde ele tentará a reeleição pela conservadora UMP (União por um Movimento Popular).

Seu principal rival, François Hollande, do PS (Partido Socialista), de centro-direita, admitiu que a adoção da medida, reivindicada por setores progressistas desde os anos 1990 sob o nome de Taxa Tobin, “não é a pior idéia que Sarkozy já teve. Pena que ele o faz ao fim de seu mandato e que os alemães tenham dito que, para eles, ainda não é o momento”.

Líder nas pesquisas de opinião, Hollande se encontra em campanha na cidade de Limoges, centro do país. “No fundo, eu acho que como ele se preparar para aumentar a TVA (Taxa Sobre Valores Agregados) e aumentar a cobrança sobre o consumo, a intenção seria dar uma contrapartida aos franceses. Ele quer mostrar que combate os mercados e a especulação”, afirmou.

A idéia de Sarkozy não foi bem acolhida entre os bancos e no mercado financeiro, que pediram explicações. O diretor do banco BNP Paribas, Baudouin Prot, afirmou que a taxa não teria sentido se não fosse “aplicada em nível mundial” e prejudicial para a competitividade francesa no setor.