Saída de Demóstenes encerra crise no DEM, diz Agripino
O presidente nacional do Democratas, José Agripino (RN), afirmou que o pedido de desfiliação do senador Demóstenes Torres (GO) encerra a crise em que o partido se envolveu após as denúncias de que o senador goiano tem ligações com negócios ilícitos comandados pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. “Para o partido, esse assunto […]
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O presidente nacional do Democratas, José Agripino (RN), afirmou que o pedido de desfiliação do senador Demóstenes Torres (GO) encerra a crise em que o partido se envolveu após as denúncias de que o senador goiano tem ligações com negócios ilícitos comandados pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
“Para o partido, esse assunto está absolutamente superado. O Democratas mostrou que se diferencia de todos os outros partidos do Brasil. A gente não passa a mão na cabeça de quem erra. O DEM não hesitou em abrir o processo de expulsão e, caso o senador não tivesse tomado a iniciativa de se desfiliar, certamente seria expulso de nossa legenda”, afirmou o presidente do DEM logo após receber a carta em que Demóstenes comunica a decisão (leia a íntegra da carta).
A carta foi entregue há poucos minutos. Nela, Demóstenes acusa o partido de ter feito “pré-julgamento público” sobre as denúncias. O senador ainda escreveu que discorda “frontalmente” da afirmação feita pelo partido de que teria se desviado “reiteradamente” do programa partidário do DEM.
Para Agripino, a carta é “lacônica”. Ele disse que, em momento algum, o partido pré-julgou o senador goiano. “Pelo contrário. Na hora em que nós comunicamos a abertura de um processo de investigação, estamos dando a clara oportunidade para que a defesa se manifeste, defesa que em nenhum momento ele apresentou”, disse. Agripino confirmou que momentos antes de a carta ser entregue a ele, pelas mãos de um assessor parlamentar, Demóstenes lhe telefonou para comunicar sua decisão. “Não conversamos nada além disso. Ele só disse que entregaria a carta”, explicou Agripino.
Apesar de ter ficado com apenas quatro senadores no quadro partidário, Agripino acredita que os desdobramentos do caso fortalecem a sigla. “Acho que o partido sai mais fortalecido porque demonstra coerência e compromisso com a ética e com o combate à corrupção. Nós não temos nenhum problema em cortar na própria carne. Demos essa demonstração abrindo o processo de expulsão, agindo com rapidez”, disse Agripino.
Para o líder do DEM na Câmara dos Deputados, ACM Neto (BA), o partido se sente aliviado com a decisão. Para ele, todos os outros parlamentares envolvidos nas investigações da Operação Monte Carlo devem ser amplamente investigados. “O DEM já deu sua resposta à sociedade. Cabe aos outros partidos fazer o mesmo”, disse.
Demóstenes permanece no cargo de senador. Como não houve infidelidade partidária, o DEM não pode requisitar o seu mandato. Perguntado sobre o caso de Demóstenes ser acolhido por outro partido, Agripino afirmou que teria de estudar se o DEM pediria o mandato do senador.
Processo disciplinar
Com o pedido de desfiliação, o processo disciplinar que seria aberto hoje (3) contra Demóstenes é extinto. “Perde o sentido a instalação do processo disciplinar porque o processo tem a ver com a filiação partidária dele”, explicou Agripino. O senador contou que chegou a designar o deputado Mendonça Prado (DEM-SE) como relator do processo.
No entanto, o assunto ainda será tratado no Conselho de Ética do Senado, que deverá se reunir no próximo dia 10 para escolher seu novo presidente. Assim que houver a definição, o conselho deverá analisar o pedido feito pelo Psol de investigação do senador goiano por quebra de decoro parlamentar. Após a análise do relatório do conselho pelo plenário, o processo poderá resultar na cassação do mandato de Demóstenes Torres.
O vice-presidente do Conselho e presidente interino, senador Jayme Campos (DEM-MT), já se declarou impedido de julgar o colega. Agripino garantiu que Jayme Campos não presidirá o colegiado. Ontem (2), o Psol entregou novo ofício ao Conselho de Ética para pressionar pela análise célere do caso. Segundo o senador Randolfe Rodrigues (AP), a Casa já está postergando demais a resolução do impasse. “A situação é insustentável. A responsabilidade agora é do Senado e a Casa não pode tardar nesse dever”, disse. O partido pede que o Conselho se reúna amanhã (4).
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