A edição da revista “Veja” desta semana traz reportagem segundo a qual o empresário Marcos Valério, principal operador do suposto esquema de compra de apoio político, o chamado mensalão, afirmou a pessoas próximas que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “era o chefe” e “comandava tudo”.

A reportagem tem como base fontes não reveladas, identificadas como familiares e associados.

“Não podem condenar apenas mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio (Soares, à época tesoureiro do PT) e o Zé (José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil) não falamos”, teria dito Valério, de acordo com a reportagem.

O advogado do empresário, Marcelo Leonardo, afirmou à Reuters neste sábado que seu cliente não deu entrevista à Veja e nega as declarações atribuídas a ele.

“O Marcos Valério confirmou para mim que desde 2005 ele não dá entrevista a nenhum veículo de comunicação. Não deu entrevista à revista Veja e não confirma o conteúdo da matéria publicada…Ele nega o conteúdo da matéria, o que está atribuído a ele entre aspas, ele nunca disse”, afirmou o advogado à Reuters por telefone.

A assessoria do Instituto Lula disse neste sábado que o ex-presidente está na Bahia para compromissos eleitorais e que não há definição se ele irá se manifestar ou não sobre o conteúdo da reportagem.

Marcos Valério é um dos 37 réus da ação penal do chamado mensalão, em julgamento há seis semanas no Supremo Tribunal Federal e sem prazo para conclusão. Já foi condenado pela Corte por lavagem de dinheiro, peculato e corrupção ativa. Ele ainda será julgado no mesmo processo pelos crimes de evasão de divisas e formação de quadrilha.

Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, Dirceu era o chefe do suposto esquema. Na segunda-feira se inicia a análise do capítulo referente aos políticos que teriam recebido recursos, e é o primeiro ponto que inclui acusações contra Dirceu.