Réu confesso, cabo da PM dá detalhes sobre execução da juíza Patrícia Acioli

O cabo da PM Sérgio da Costa Jr., acusado da morte da juíza Patrícia Acioli, confessou, durante depoimento no fórum de Niterói nesta terça-feira, que participou na linha de frente do crime. Perante o juiz, jurados, testemunhas e promotores, contou detalhes da execução, que aconteceu em Niterói no dia 11 de agosto de 2011. O […]

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O cabo da PM Sérgio da Costa Jr., acusado da morte da juíza Patrícia Acioli, confessou, durante depoimento no fórum de Niterói nesta terça-feira, que participou na linha de frente do crime. Perante o juiz, jurados, testemunhas e promotores, contou detalhes da execução, que aconteceu em Niterói no dia 11 de agosto de 2011. O crime ainda tem mais dez policiais militares envolvidos, quer seja no ato da execução ou no planejamento da ação.

No depoimento, que durou mais de uma hora e meia, Castro confirmou o que já havia dito quando fez a primeira confissão: que ele e policiais do 7º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de São Gonçalo estavam inconformados porque sabiam que poderiam ser presos por ordem de Patrícia Acioli. Daí surgiu o plano de assassinar a juíza. Na época, a magistrada investigava crimes de corrupção envolvendo o grupamento comandando pelo coronel Cláudio de Oliveira. Com a confissão antecipada, Castro acabou sendo enquadrado no benefício da delação premiada, o que poderá reduzir sua pena em até dois terços.

O cabo acusado confessou que fez os disparos que mataram a juíza em frente de sua casa. No entanto, alegou que não foram dados 21 tiros, como consta no processo. Pelas contas do réu, foram cerca de três tiros da arma de calibre 45 e outros 12 da arma calibre 40, num total de 15 disparos efetuados. Segundo Sérgio Castro Jr., no dia do crime, quem dirigia a moto utilizada na execução era o tenente Daniel Santos Benitez. Castro foi na garupa até a casa da magistrada.

Durante todo seu depoimento, o cabo fez questão de citar o papel preponderante de Benitez no planejamento e estratégias do crime. Segundo o policial, Benitez teria aproveitado que ele seria “cabeça fraca” para envolvê-lo no plano. “Ele falava muito comigo (da ideia de assassinar Patrícia) porque eu sou cabeça fraca, seria induzido”.

Castro também confirmou que os dois sabiam que Patrícia Acioli estaria sem escolta no dia do crime. Ele detalhou a perseguição feita à magistrada até a casa dela em Niterói. Os disparos, afirmou, foram feitos a cerca de 50 m da residência, quando ela chegava de carro ao local. O cabo também confirma que destruiu um veículo, que também deu apoio à ação dos PMs. “Taquei fogo”, declarou Castro. A Benitez caberia pôr fim à moto e às armas utilizadas na execução.

A mãe de Patrícia Acioli, Marli, duas irmãs e um irmão adotivo da juíza acompanharam todo o depoimento do réu durante mais de uma hora e meia. Elas se emocionaram várias vezes, mas não deixaram o local. A expectativa é de que a sentença sobre a pena a ser imputada a Sérgio Castro Jr. saia ainda nesta terça-feira. Duas testemunhas de acusação e duas de defesa também depuseram, além do réu.

Juíza é executada em Niterói

A juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, foi assassinada a tiros dentro de seu carro, por volta das 23h30 do dia 11 de agosto de 2011, na porta de casa em Piratininga, Niterói. Segundo testemunhas, ela foi atacada por homens em duas motos e dois carros. Foram disparados 21 tiros de pistolas calibres 40 e 45, sendo oito diretamente no vidro do motorista.

Patrícia, 47 anos, foi a responsável pela prisão de quatro cabos da PM e uma mulher, em setembro de 2010, acusados de integrar um grupo de extermínio de São Gonçalo. Ela estava em uma “lista negra” com 12 nomes possivelmente marcados para a morte, encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro de 2011 em Guarapari (ES) e considerado o chefe da quadrilha. Familiares relataram que Patrícia já havia sofrido ameaças e teve seu carro metralhado quando era defensora pública.

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