Um relatório inédito da Polícia Federal mostra que Israel Guerra, filho da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, e Vinícius de Oliveira Castro, então assessor da pasta, operaram para ganhar dinheiro por meio de consultorias a empresários interessados em contratos com o governo. A constatação é resultado de uma investigação de quase dois anos que elenca 13 tópicos a serem apurados. No entanto, por considerar que houve falta de provas de tráfico de influência, o Ministério Público pediu e a Justiça Federal mandou neste mês arquivar o inquérito. A influência de Erenice não ficou comprovada. As informações foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo.

Para chegar a essa conclusão, a polícia ouviu dezenas de depoimentos, analisou contratos entre diversas empresas e o governo e quebrou o sigilo telefônico, fiscal e bancário dos envolvidos. Substituta de Dilma Rousseff na Casa Civil, Erenice deixou o cargo em 2010 após o empresário Rubnei Quícoli declarar que Israel cobrou dinheiro para viabilizar empréstimo no BNDES. Não houve pagamento de Quícolo, mas a polícia identificou um caso em que Israel e Vinícius receberam R$ 40 mil e um cliente conseguiu patrocínio público. Apesar do MP ter arquivado o inquérito, a PF viu indícios de sonegação e lavagem de dinheiro e, por isso abriu um novo processo, do qual a ex-ministra não é alvo. Durante a investigação sobre tráfico de influência, a PF também apreendeu e-mails que mostram pedidos de Erenice para conseguir empregar no governo parentes seus ou pessoas ligadas a eles.