Procuradora relata “imensa dor” ao verificar sofrimento do povo indígena em MS

Representantes da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal estiveram em Mato Grosso do Sul por três dias e visitaram aldeias guarani-kaiowá da região de Amambai, no sul do Estado. A sub-procuradora geral da República, Gilda Pereira, relatou que o que viu lhe causou “imensa dor” em reunião sobre as visitas na […]

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Representantes da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal estiveram em Mato Grosso do Sul por três dias e visitaram aldeias guarani-kaiowá da região de Amambai, no sul do Estado. A sub-procuradora geral da República, Gilda Pereira, relatou que o que viu lhe causou “imensa dor” em reunião sobre as visitas na tarde desta quarta-feira (28), na sede da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Mato Grosso do Sul).

Na reunião, ela declarou que se surpreendeu com as condições de vida dos indígenas no Estado. “A situação é complicada e vimos problemas nas questões de alimentação, moradia e saúde. Algumas aldeias simplesmente não tem acesso e os índios precisam fazer a travessia a nado pelo rio”.

“Tudo isso me causou imensa dor, mas acredito que o primeiro passo é o sul-mato-grossense reconhecer o povo indígena como seu povo”, declarou.

Ela admitiu ser preciso acelerar o processo de indenização de produtores rurais que entregaram suas terras para os índios, ou que sofreram a retomada de terras para que haja paz no Estado.

Samia Roges Jordy Barbieri, presidente da Copai (Comissão Permanente de Assuntos Indígenas da OAB/MS), declarou que a situação indígena no Estado é degradante. “Eles vivem uma realidade muito triste, mas enquanto existir a comissão da OAB a questão indígena será defendida”.

A presidente concluiu dizendo que Mato Grosso do Sul é rico no agronegócio, mas ainda é um Estado marcado pelo derramamento de sangue dos indígenas.

A advogada e professora universitáriaTatiana Ujacow, integrante da Copai, disse que os dois lados são vítimas e que falta vontade política para resolvere a questão. “Os índios não aguentam mais viver nesta situação e os fazendeiros não compraram as terras de má fé, por isso a melhor saída é a indenização aos produtores rurais. Mas acredito que com a vinda do Ministério Público e do comitê da Presidência da República a questão do conflito terá mais atividades concretas”.

O procurador do Ministério Público Federal de Dourados, Marco Antônio Delfino, também defendeu a indenização de fazendeiros. “É uma questão que tem que ser debatida e que tem que ter uma solução’.

“É dever da União Federal ressarcir agricultores e, para os índios, é um ajuste com o passado que precisa ser feito”.

A presidente da Comissão Municipal dos Direitos Indígenas, Alicinda Terena, reconhece que a vinda da comissão do MPF que trata dos direitos dos índios e das comunidades tradicionais é importante para que eles vejam que o que realmente acontece pode não ser o que apenas ouvem dizer.

“Acredito em mudanças com a vinda deles e em medidas práticas, porque meus antepassados já morreram esperando pelas terras deles e os netos ainda não conseguem viver na terra que é deles”.

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