Primeiro índio xavante recebe o título de mestre no Brasil

O primeiro índio xavante a receber o título de mestre no Brasil, Aquilino Tsere’ubu’õ Tsi’rui’a, concluiu o mestrado na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). A defesa da dissertação com o título “A sociedade xavante e a educação: um olhar sobre a escola a partir da pedagogia xavante” aconteceu no último dia 26, quarta-feira. Nove indígenas […]

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O primeiro índio xavante a receber o título de mestre no Brasil, Aquilino Tsere’ubu’õ Tsi’rui’a, concluiu o mestrado na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). A defesa da dissertação com o título “A sociedade xavante e a educação: um olhar sobre a escola a partir da pedagogia xavante” aconteceu no último dia 26, quarta-feira. Nove indígenas de diferentes etnias já concluíram o Programa de Pós-Graduação em Educação da UCDB.

A pesquisa, que foi desenvolvida sob a orientação do docente Dr. Neimar Machado de Sousa (UCDB), é um resgate da história da aldeia Marãwatsédé (que no idioma xavante significa “Mata Densa”), no Mato Grosso, onde Aquilino nasceu. O pesquisador tinha apenas três anos de idade quando ele, sua família e os outros índios foram expulsos daquelas terras e levados para São Marcos em um avião. “Fomos deportados em um avião da Força Aérea Brasileira. Foi uma manobra muito grande dos fazendeiros para que os xavantes não morassem mais lá. Aí mandaram a gente pra onde não tinha água, porque a chuva tinha água suja e no tempo de seco não tinha água. Então xavante tomava água na época de chuva e adoecia, morria. Isso chamou a atenção dos donos da fazenda e eles entraram em contato com a Missão Salesiana de São Marcos e fomos exportados pra lá”, conta.

Depois disso, Aquilino morou e estudou em um internato na Casa Salesiana São Marcos, em Barra do Garças (MT), concluiu o ensino fundamental e o ensino médio “com muitas dificuldades” em Barra do Garças, tornou-se padre, fez Filosofia na UCDB e Arqueologia em São Paulo. A dissertação de mestrado do xavante discute as alterações das práticas culturais xavante – língua, agricultura, rituais, vida religiosa e também as práticas pedagógicas. O pesquisador critica o ensino do sistema escolar brasileiro, que dialoga pouco com os conhecimentos tradicionais e é baseado na cópia. Ele propõe a interculturalidade como alternativa.

A banca examinadora foi composta pelos professores Dr. Antonio Hilário Aguilera, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), pela professora da Católica, Dra. Adir Casaro Nascimento e pela professora Dra. Judite Gonçalves Albuquerque. da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e aprovou a dissertação. O Pe. Aquilino Tsere’ubu’õ Tsi’rui’a pretende pesquisar mais sobre o tema nos próximos anos “pretendo voltar e fazer outro estudo, quem sabe o doutorado”, comenta.

Os índios xavante da aldeia Marãwatsédé conseguiram voltar para uma parte de suas terras e lutam pela demarcação da área total. Atualmente a aldeia possui cerca de 900 moradores e dentro da área, que antes constituía o latifúndio Suiá-Missu há uma vila com mais de 800 habitantes, antigos posseiros, que também reclamam seu direito à terra e se recusam a sair.

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