Presidente tenta vender o PSL por R$ 10 mil em municípios do interior: ouça o áudio

Em nome da direção nacional, Alceu Bueno só libera o partido a fechar aliança em troca de dinheiro. A negociação foi confirmada em Itaporã, Glória de Dourados, Miranda e Iguatemi

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Em nome da direção nacional, Alceu Bueno só libera o partido a fechar aliança em troca de dinheiro. A negociação foi confirmada em Itaporã, Glória de Dourados, Miranda e Iguatemi

Em nome da direção nacional, o presidente regional do PSL, Alceu Bueno, está tentando “arrancar” R$ 10 mil de pré-candidatos a prefeito em Itaporã, Glória de Dourados, Miranda e Iguatemi. Somente depois de depositar pelo menos a metade do dinheiro na conta do partido, ele libera a direção municipal a firmar aliança com os respectivos pré-candidatos.

Gravação, entregue ao Midiamax de forma anônima, revela em detalhes as negociações de Alceu Bueno. Em conversa com dirigentes municipais do PSL, ele deixa claro que o partido só fechará aliança em troca dos R$ 10 mil.

Em alguns municípios, ele até aceita reduzir o montante para R$ 7 ou R$ 6 mil. No áudio, Bueno deixa claro que a cobrança é ordem da direção nacional, por isso, alega a necessidade de receber a verba, caso contrário, precisará “por a mão no seu bolso”.

“O depósito era R$ 10 mil e eu abaixei para R$ 7 mil. É determinação da nacional”, disse Bueno ao secretário do PSL de Iguatemi, chamado na gravação por Sebastião. “A opção é para ele, mas se ele achar que não merece, vou fazer o que?”, emendou o presidente, deixando claro que sem o dinheiro na há aliança.

Em conversa com dirigente de Glória de Dourados, Bueno relata que dos R$ 10 mil, cinco vão para a direção estadual e a outra cota à nacional. “É R$ 5 mil para nós e R$ 5 mil para a nacional e se eu não mandar sai do meu bolso”, garantiu ao correligionário.

Em reposta, o dirigente local explica que “a doutora” (pré-candidata a prefeita que não tem o nome citado na gravação), não tem dinheiro e aguarda “o resultado do Londres Machado e do Delcídio (Amaral)”, que seriam os apoiadores da campanha dela no município.

Diante da afirmação, Bueno até desqualifica a pré-candidata. “Como uma candidata quer ser prefeita e não tem R$ 5 mil para ajudar os partidos”, comentou. “Sem estrutura política, ela não vai a lugar nenhum”, emendou.

A mesma história Bueno repetiu aos dirigentes do PSL de Itaporã e Miranda. Ele ainda destacou a necessidade de estrutura de campanha, como santinhos e combustível para confirmar a aliança. Em Miranda, o dirigente chegou a destituir o diretório municipal por resistir à determinação do comando estadual.

Segundo o ex-presidente municipal, Osório Marcos Justino, o partido fechou consenso em torno do apoio à pré-candidata do PT, Juliana Almeida, mas, por não receber recurso da petista, Bueno teria cobrado coligação com o PMDB, da pré-candidata Marlene Bossay.

“Primeiro, ele pediu R$ 30 mil, depois baixou para R$ 10 mil”, contou Osório. “Como a Juliana não deu nada, ele fechou com o PMDB”, acrescentou. O problema é que a direção municipal não concordou com a aliança. “Vivemos em um país democrático e não vamos fechar aliança na marra”, avisou o dirigente municipal, destituído do comando após enfrentamento com Bueno.

A contribuição é legal, diz Bueno

Procurado pelo Midiamax, Bueno garantiu que a cobrança é legal. “Vamos registrar como doação para bancar a campanha dos nossos pré-candidatos a vereador”, disse. Ele ainda classificou como natural esse tipo de negociação. “O PMDB faz, o PT faz, todo mundo faz”, assegurou.

De acordo com o dirigente, o dinheiro será depositado na conta da agremiação e legalizado. “Resolução estadual do partido nos permite cobrar essa contribuição”, ressaltou. “Sem esse recurso, não tem como sobreviver”, completou.

Direção nacional nega autorização de venda do PSL

Presidente nacional do PSL, Luciano Bivar repudiou o comportamento do correligionário em Mato Grosso do Sul. “Isso é um absurdo”, comentou. Segundo ele, Alceu Bueno não tem permissão da cúpula nacional para vender o apoio da legenda. “O partido não exige dinheiro em troca de aliança”, garantiu.

O dirigente ainda destacou investigar o caso em Mato Grosso do Sul. “Vamos apurar as denúncias e, se encontrarmos sustentação, vamos destituir a direção estadual”, informou.

 

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