Pintor de Coxim tem trabalho reconhecido na Europa e no Japão

Gonçalo Barbi, de 70 anos, pintor, conhecido como Piffer, nasceu na cidade de Socorro (SP), vive há mais de 20 anos em Coxim, possui ateliê no distrito de Silviolândia onde produz suas belas telas.Em entrevista exclusiva ao Idest, Piffer fala sobre seu trabalho, suas paixões, inspirações e até mesmo alguns infortúnios. Seu primeiro contato com […]

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Gonçalo Barbi, de 70 anos, pintor, conhecido como Piffer, nasceu na cidade de Socorro (SP), vive há mais de 20 anos em Coxim, possui ateliê no distrito de Silviolândia onde produz suas belas telas.
Em entrevista exclusiva ao Idest, Piffer fala sobre seu trabalho, suas paixões, inspirações e até mesmo alguns infortúnios.

Seu primeiro contato com a arte foi aos 15 anos de idade, Piffer pintava com grafite nas ruas de São Paulo, “até os 27 anos eu só pintava no grafite, eu sentava num banquinho na Praça da Sé em São Paulo com meu caderno e pintava as pessoas no lápis, jogava um verniz e vendia por um valor simbólico, comecei assim” contou Piffer.

O pintor falou sobre a origem do seu nome artístico, que foi uma homenagem à sua mãe, Josefina Piffer Barbi, “pintei uma tela e mostrei pra minha mãe, ela elogiou muito, como eu a amava demais disse que iria assinar como Piffer em sua homenagem”.

Piffer ouvia falar muito do Pantanal, e em 1988 sugeriu a sua esposa um passeio pelo Mato Grosso do Sul, “chegando aqui em Coxim, gostei muito, ganhei um terreno de um vereador na época e construí uma casa”, disse Piffer. O pintor revela que sua maior paixão é o rio que corta o município, “gosto muito de pescar, na época que cheguei em Coxim sentava-se uma hora no barranco e enchia um saco de peixe”, destacou Piffer.

Em 2001 Piffer mantinha contato com um pintor do Japão, enviou algumas telas e todas foram vendidas, então o pintor resolveu mudar-se para a Terra do Sol Nascente. “No Japão vendia muito, mas não aprendi falar japonês, o curador pedia para eu pintar um gato, eu pintava um cachorro, então ele começou a brigar comigo, dava soco na mesa, mas colocava minhas telas pra vender de manhã e a tarde estavam todas vendidas”, contou o pintor.

Piffer voltou para o Brasil e montou seu ateliê em Silviolândia, começou a trabalhar com o incentivo de um grande amigo, o escultor José Branco, conhecido como Zé Português, e voltou a exportar telas, “minha esposa que é neta de japonês foi pra Tóquio e alugou uma galeria, eu produzia e enviava as telas, vendia muito, mas depois do terremoto desistimos”, revelou o pintor.

Para ele os grandes centros são melhores para vendas, “aqui em Coxim o pessoal assusta com os valores, não conseguem assimilar o valor de uma pintura, mas mesmo assim já vendi 48 telas no município”, destacou Piffer.

Piffer é graduado em Artes Plásticas pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) em 1974, disse que aprendeu sobre mistura de cores, sobre a perspectiva da pintura, mas que pra ser pintor tem que ter o dom. O pintor falou sobre obras de outros artistas, como Picasso e Da Vinci, mas destacou Francisco José de Goya, um importante pintor espanhol, que é sua maior inspiração, “o Goya é um monstro da arte, eu me inspiro muito nele, meu amigo Zé Português brinca que o Goya segura na minha mão a hora que eu pinto as telas”, revelou Piffer.

O pintor disse que está um pouco cansando, pinta há 50 anos, a Europa que era seu principal mercado este enfrentando uma crise, assim como o Japão, no Brasil o mercado é bom apenas nos grandes centros, “dos 365 dias do ano, 280 eu passo dentro do meu ateliê pintando, existe dificuldade pra encontrar material em Coxim, e as vendas estão baixas, vou pescar que eu ganho mais”, brinca ele.

Piffer contou sobre um problema que teve em São Paulo, um dono de hotel luxuoso mostrou uma foto de uma fazenda para Piffer e pediu para que ele pintasse, o pintor estranhou e perguntou se aquela imagem não era uma pintura, o hoteleiro garantiu que era uma foto da fazenda de seu sócio.

Piffer disse que é proibido copiar uma tela de um pintor vivo, mas acreditou no hoteleiro e terminou o trabalho, o qual ficou pendurado no corredor do hotel. Algum tempo depois um cliente do hotel viu a tela e a reconheceu, em seguida ele comunicou o pintor original, que chegou a processar Piffer, “o pintor achou que eu tinha roubado a tela, expliquei pra ele a situação e tive que comprar o quadro do hoteleiro, marquei um X em preto e levei na casa dele”, revelou Piffer.

“No fim de tudo acabei ficando amigo desse pintor, trabalhamos juntos, e ele confessou que se tivesse me conhecido antes não teria me processado”, contou aos risos à reportagem do Idest.

Para os interessados em adquirir a obra de Piffer, basta entrar em contato pelo telefone 67.3225.1043 ou visitar seu ateliê na rua São Paulo, 364, no Distrito de Silviolândia, em Coxim.

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