Pesquisa indica que sintomas da velhice começam a partir dos 45 anos

Esta é a conclusão da Dra Archana Sing-Manoux, professora do Centro de Pesquisa em Epidemiologia e Saúde da População na França. Ela liderou um grupo de cientistas franceses e ingleses, na realização de um estudo extenso em 5.198 homens e 2.192 mulheres, com idades entre 45 e 70 anos. A pergunta básica da pesquisa foi: […]

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Esta é a conclusão da Dra Archana Sing-Manoux, professora do Centro de Pesquisa em Epidemiologia e Saúde da População na França. Ela liderou um grupo de cientistas franceses e ingleses, na realização de um estudo extenso em 5.198 homens e 2.192 mulheres, com idades entre 45 e 70 anos.

A pergunta básica da pesquisa foi: quando começa o declínio das funções cognitivas de nosso cérebro? Funções como memória, raciocínio, fluência no vocabulário? Classicamente somos ensinados que a partir da sexta e sétima décadas de vida, a terceira idade, os sintomas da perda da capacidade cognitiva começam a ser notados.

A demência fica mais frequente. Mas esta pesquisa publicada na revista científica British Medical Journal, poucos dias atrás, modificou estas crenças e convenções. Avaliaram, durante 10 anos, mais de 7000 funcionários públicos britânicos que faziam parte de um grupo de voluntários seguidos de perto quanto à evolução de sua saúde.

Testes de memória, raciocínio e fluência foram repetidos em todos estes voluntários três vezes durante o estudo. O uso do vocabulário não declinou durante o estudo. Por outro lado, as outras funções (memória e raciocínio) diminuíram claramente com o tempo, em todos os grupos avaliados. Começando a ser facilmente detectável mesmo nos indivíduos com idade entre 45 e 49 anos (os mais jovens do estudo!).

Obviamente, no grupo mais idoso (65-70 anos) o declínio das funções cognitivas foi mais acentuado (9,6% em 10 anos), comparado com grupo mais jovem (45-49 anos) que declinou 3,6%, no mesmo período. Mas declinou! Os cientistas alertam que os resultados podem ter várias implicações, e, sendo confirmados poderão modificar a abordagem da população em geral, 20 a 30 anos antes dos sintomas da demência aparecerem.

Dr. Roberto Godoy, neurocirurgião com doutorado em Neurologia pela Faculdade de Medicina da USP e Chefe de Serviço de Neurocirurgia da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, alerta: – Apesar dos resultados obtidos refletirem a realidade do universo de pessoas pesquisadas, são discordantes de outros trabalhos que apontam para uma idade mais avançada como início do declínio intelectual. Entretanto, como o próprio autor aponta em sua discussão, esses dados não podem ser aplicados sem reservas à população em geral.

O grupo de pessoas analisadas é todo composto de funcionários públicos ingleses com funções diversas, mas o estudo não especifica quais são essas funções. Esse dado é relevante, pois há alguma evidência que o exercício físico e intelectual possa atuar como fator preventivo no desenvolvimento da demência.

A atividade profissional pode estar ligada a esses fatores. Os voluntários estudados têm trabalho que tende para a rotina e tem relativa estabilidade no emprego, condições essas que não se aplicam à maior parte da população. Quanto às implicações destes resultados interessantes, Dr Godoy prevê rediscussão dos especialistas, principalmente “na questão das possibilidades de prevenção caso seja diagnosticada, em idade mais precoce, a tendência a ter demência no futuro. Essas questões necessitam ainda de muita pesquisa para termos algum esclarecimento”.

Uma coisa todos os cientistas concordam. Nada melhor que uma vida saudável, equilibrada, física e intelectualmente ativa, para reduzir os riscos de demência na velhice. Enquanto resultados mais consistentes não apareçam, vale a pena iniciar os cuidados da saúde cedo. Antes dos 45 anos.

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