O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), afirmou nesta terça-feira à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira que não sabia da amizade entre o contraventor e o senador óstenes Torres (sem partido-GO) quando indicou o político à Secretaria de do Estado, em 1999. Perillo acrescentou que jamais recebeu pleitos de Demóstenes relacionados às atividades do bicheiro. O senador responde a processo no Conselho de Ética do

Questionado se o próprio Cachoeira pediu ajuda para os negócios ilícitos, Perillo foi enfático: “Nunca me foi feito qualquer pedido. nunca me foi levado qualquer aperto por parte dele”.

Depois de falar initerruptamente por mais de uma hora assim que chegou à CPI – quando aproveitou para fazer propaganda do Estado que governa e de sua gestão -, Perillo respondia no início da tarde perguntas dos membros da comissão. São mais de 20 inscritos para interrogar o governador tucano.

Perillo, que por diversas vezes negou qualquer proximidade com os negócios de Cachoeira, também defendeu a atuação das policias de Goiás no combate aos jogos ilegais e contravenções em geral. A Operação Monte Carlo prendeu policiais civis e militares que colaboravam com o bicheiro. “Corporações estão sujeitas a esse tipo de cooptação. Isso não significa dizer que o alto comando da polícia estivesse envolvida nesse esquema.”

A operação da PF que prendeu Cachoeira também apontou que Eliane Pinheiro, ex-chefe de gabinete de Perillo, ajudava a organização criminosa. Ela telefonou para um dos suspeitos e avisou da operação policial. “Só tomei conhecimento desse telefonema depois da divulgação. Ela nunca me disse desse telefonema, eu jamais imaginava que pudesse ter acontecido”.

Eliane usava um telefone Nextel que teria sido fornecido pelo próprio Cachoeira, fato que o governador também disse desconhecer. “Esses chamados radinhos eram distribuídos a várias pessoas. Ela nunca me disse que teve esse tipo de radinho.”

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, , lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.