“Perdi meu casamento e vivo em pânico”, diz segurança agredido nas Lojas Americanas

Um ano e sete meses depois do fato, Márcio Antônio de Souza tem uma vida totalmente diferente da que levava antes de ser espancado

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Um ano e sete meses depois do fato, Márcio Antônio de Souza tem uma vida totalmente diferente da que levava antes de ser espancado

O dia 23 de abril de 2011 ficou marcado na vida do segurança e acadêmico de administração, Márcio Antônio de Souza, 34 anos. Por volta das 9h da manhã daquele dia ele foi abordado na unidade das Lojas Americanas, localizada na Rua Dom Aquino, porque foi apontado como autor de um furto de ovo de chocolate, era véspera da Páscoa. Levado para uma sala reservada foi brutalmente agredido por um segurança.

Um ano e sete meses depois do fato, Márcio tem uma vida totalmente diferente da que levava antes de ser espancado. A mulher pediu separação e foi morar em outra cidade por causa das ameaças que o segurança afirma que passou a receber depois que teve alta hospitalar. Ainda precisa fazer uma segunda cirurgia no nariz que custa mais de R$ 10 mil, passou a usar óculos porque sofreu descolamento de retina provocado pelas agressões. Além disso, suspendeu temporariamente a faculdade de administração, passou a sofrer de pânico e precisa de medicamentos para controlar a depressão.

Márcio recebeu a equipe do Midiamax no escritório da advogada que o representa, Regina Iara Ayub Bezerra. Além das sequelas físicas e psicológicas, o segurança disse com os olhos carregados de lágrimas que sua maior perda foi o casamento e a distância da filha. Ambas foram morar em Coxim depois de um tempo do ocorrido. “Ela (esposa) ficou com medo porque passaram a ligar no meu celular e fazer ameaças. Meu casamento acabou e só vejo a criança a cada seis meses quando a minha ex-esposa vem pra Campo Grande”, explica.

Sobre as sequelas psicológicas, Márcio disse que alugou a casa que morava e passou a residir com o irmão. Além disso, o pânico toma conta do segurança todas as vezes que precisa ir a lugares com aglomerações. “Começo a suar, fico nervoso e logo vou embora. Não consigo nem ir ao supermercado fazer uma compra. Não tenho vida social. Meu irmão até incentiva, mas fico em pânico só de pensar”, garante. Sobre a possibilidade de tentar arrumar uma namorada, companheira, Márcio diz apenas “de que jeito?”.

Acusado de furto pelo segurança da Loja Americana, Márcio também foi prejudicado na questão religiosa já que era pastor e como a questão ainda não foi julgada e ele livre de qualquer suspeita, foi afastado de suas funções de pastor.

A advogada Regina já entrou com uma ação criminal. Agora que chegaram os laudos do Instituto Médico Legal Odontológico (Imol) confirmando as sequelas que ficaram devido às agressões ela vai entrar com uma ação civil por danos morais e materiais. Ainda de acordo com Regina Bezerra, a ex-esposa de Márcio também perdeu o emprego porque devido ao medo faltou ao trabalho e foi demitida.

A filha de Márcio, na época com 11 anos, que presenciou o pai sendo abordado no estabelecimento e depois saindo todo machucado, também ficou com abalo psicológico. “Ele ficou um bom tempo sem dormir direito, acordava gritando que estavam batendo no pai dela”, diz o segurança. A menina passou a receber atendimento psicológico na rede pública, mas a advogada acredita que um atendimento individualizado é o mais correto.

“Até hoje não apareceu o ovo de chocolate do Márcio. Depois apresentaram outro, mas não era o dele”, diz a advogado se referindo ao ovo que Márcio comprou em outro estabelecimento comercial e depois entrou nas Lojas Americanas, passando por dentro do túnel de ovos de chocolate. Funcionários acreditaram que o segurança furtou o ovo lá dentro e o recolheu a uma sala reservada onde ele foi espancado pelo segurança Décio Garcia de Souza. Na época o Midiamax tentou conversar via telefone com Décio, mas ele disse que não tinha interesse em falar nada.

Os amigos de Márcio se mobilizaram e promoveram um churrasco para que ele pudesse fazer uma cirurgia emergencial no nariz, que custou R$ 8 mil. Agora ele precisa fazer outra que custa mais de R$ 10 mil, mas não tem condições. “Quando um osso bate no outro aqui (nariz) dói demais. Eu vivo com sensação de nariz entupido 24h por dia”, finaliza.

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