Pecuária de MS cede espaço para commodities mais rentáveis
A pecuária de Mato do Grosso do Sul cede à pressão de commodities mais rentáveis e segue para o norte do Estado e para a região próxima do Pantanal, perdendo espaço para a floresta plantada, grãos e cana, afirmou o diretor da associação que reúne produtores. “Muitos (pecuaristas) migraram da pecuária para outras atividades. A […]
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A pecuária de Mato do Grosso do Sul cede à pressão de commodities mais rentáveis e segue para o norte do Estado e para a região próxima do Pantanal, perdendo espaço para a floresta plantada, grãos e cana, afirmou o diretor da associação que reúne produtores.
“Muitos (pecuaristas) migraram da pecuária para outras atividades. A cana teve um período muito forte, mas agora está estacionada, tem a silvicultura entrando muito forte entrando Estado”, disse Ruy Fachini, da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), em evento do Rally da Pecuária, expedição técnica acompanhada pela Reuters.
Ele observou que a silvicultura está ganhando força sobretudo no leste do Estado, perto de Três Lagoas, por conta da demanda das indústrias de celulose. E acrescenta que a cana, apesar de estacionada no momento, tende a crescer especialmente no sul e, em menor escala, na parte norte de Mato Grosso do Sul em pontos específicos.
“No sul do Estado, já diminuiu bastante a área de pecuária, e a soja ainda vem tomando bastante espaço. E também no norte, tem pressão nas áreas degradadas”, disse.
Segundo ele, quando isso acontece, a pecuária é “empurrada para o Pantanal e região norte”.
O Estado já teve o maior rebanho nacional, com 24 milhões de cabeças, mas viu a criação encolher depois do caso de aftosa em 2005, quando foram abatidas muitas matrizes.
Desde então, com o incremento da pecuária em outros Estados e a pressão de culturas agrícolas, o Mato Grosso do Sul caiu para a quarta posição, lembra o diretor.
“Neste período teve uma redução considerável, principalmente pela questão da aftosa, porque teve um abate muito grande de matrizes”, lembrou. A doença foi controlada no Estado com vacinação, mas o Estado perdeu espaço para outros grandes produtores como Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. A produção de grãos, por outro lado, vem crescendo no Estado.
Em relação ao início da década, o plantio de soja em Mato Grosso do Sul quase dobrou, para 1,8 milhão de hectares, segundo dados do Ministério da Agricultura, embora tenha se mantido sem grandes alterações nos últimos anos.
Já o plantio de milho segunda safra no Estado aumentou mais de três vezes ante o ano 2000 e dobrou ante 2005, para mais de 1 milhão de hectares. O Estado é um importante produtor agrícola do Brasil, mas ainda está distante dos principais do país, como Mato Grosso e o Paraná.
INVESTIMENTO
Ele pondera que, para garantir seu espaço, os pecuaristas precisarão investir mais nas pastagens e tecnologia de produção. Atualmente, as pastagens ocupam 21 milhões de hectares no Estado, e desse total 9 milhões são de áreas com algum tipo de degradação.
O pecuarista Pedro Junqueira Netto, com fazendas em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, adotou o sistema de integração lavoura-pecuária, com plantio de grãos no inverno, na tentativa de aumentar sua rentabilidade. Agora já pensa em incluir o cultivo destas culturas na propriedade de cinco mil hectares no norte mato-grossense.
“No norte (de MT), a área é boa para lavoura, e trabalhar com pecuária não dá rentabilidade… Vou começar a plantar lá, mas ainda estou avaliando o que (qual cultura) vai ser”, disse Netto.
A meta de Netto é atingir uma proporção de 50 por cento com pecuária e o restante com outras culturas agrícolas, dentro de sua área total que chega sete mil hectares.
“É uma passagem delicada, ao mesmo tempo em que coloco a agricultura, tenho que manter o mesmo rebanho em uma área menor”, explicou.
Neste processo, Netto conta que precisará intensificar a tecnologia de produção, reforçando a pastagem e alimentação animal, aumentando a lotação (o número de animais por hectare) do seu rebanho de quatro mil cabeças.
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