Em discurso no Plenário nesta segunda-feira (29), o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) fez uma avaliação das eleições municipais deste ano. Para o senador, as urnas falaram e o eleitor deu o seu recado. Alvaro ressaltou que respeita as diversas opiniões sobre a análise do resultado eleitoral e disse que a interpretação do resultado das urnas “não é fácil”.

– Quanto mais permaneço na atividade pública, menos eu entendo o eleitor do país – disse o senador, registrando que o eleitor também tem razão em não entender suas lideranças.

Segundo o senador, é possível perceber um “desencanto” da população nas eleições de domingo, já que um terço dos eleitores não escolheu candidato, somando-se os votos brancos, nulos e abstenções. Para Alvaro, não há um grande vencedor nas eleições e todos os partidos perderam, pois a população os ignorou.

– Há um desencanto enorme campeando pelo país – lamentou

Outra marca das eleições, segundo o senador, foi o desejo do eleitor de buscar uma posição inovadora e independente, fugindo de nomes ligados a grupos de poder. O parlamentar paranaense também criticou o enfraquecimento dos partidos e a forma como são feitas grande parte das alianças partidárias. Para o senador, não há apelo programático, e algumas siglas apenas vendem o horário de . Em sua opinião, a corrupção começa nesse momento, já que o partido que tem mais recursos pode contar com o apoio de mais siglas, ampliando o tempo de propaganda eleitoral.

Na visão de Alvaro Dias, o sistema político brasileiro é retrógrado. Ele criticou o aparelhamento do estado e o jogo de interesses e também defendeu uma reforma política. O senador registrou que, apesar de o mensalão estar em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), o sistema ainda não foi destruído na prática.

Segundo Alvaro, ao contrário do que muitos dizem, o mensalão teve influência nas eleições municipais. Ele observou, porém, que houve pouco debate sobre o assunto durante as campanhas, por conta das alianças que juntaram governistas e oposicionistas.

– Seria triste se constatássemos que não existe mais a capacidade de indignação na sociedade brasileira – disse o senador.

Paraná

O senador ainda criticou o fato de alguns governadores influenciarem nas eleições das capitais, colocando interesses pessoais acima dos partidários, e deu como exemplo seu próprio estado, o Paraná. Para o senador, o governador Beto Richa (PSDB) fez escolhas que terminaram fortalecendo uma candidatura petista ao governo do estado, em 2014.

Ao abrir mão de lançar candidato próprio para buscar a reeleição do Luciano Ducci (), preferido do governador em Curitiba, o PSDB costurou uma ampla coligação de 15 partidos. Ducci não foi nem ao segundo turno e Gustavo Fruet (PDT), que saiu do PSDB em busca de legenda que o lançasse, terminou vencendo a eleição, em disputa com Ratinho Júnior (PSC).