Para relator, Demóstenes mentiu para o Conselho de Ética ao falar de suas relações com Cachoeira

O relatório apresentado pelo senador Humberto Costa (PT-PE), no qual pede a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), diz que o parlamentar mentiu ao Conselho de Ética sobre a sua relação com o empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. “É simplesmente inacreditável que o representado, considerados todos esses […]

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O relatório apresentado pelo senador Humberto Costa (PT-PE), no qual pede a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), diz que o parlamentar mentiu ao Conselho de Ética sobre a sua relação com o empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. “É simplesmente inacreditável que o representado, considerados todos esses prolegômenos, venha sustentar que ignorava tudo sobre os “afazeres ocultos” de Cachoeira; que tenha respondido candidamente ao Senador Mário Couto que não sabia que Cachoeira era contraventor”, disse. “Cachoeira é o verdadeiro anjo da guarda de um senador da República”, destacou o relator.

Costa relembra que Demóstenes, durante seu depoimento, disse que não sabia que Cachoeira, investigado pela Polícia Federal, era contraventor. O relatório está sendo apresentado neste momento ao Conselho de Ética do Senado que deverá votar ainda hoje (25) o pedido de cassação do mandato do senador.

Ao alegar a participação do senador no esquema de lavagem de dinheiro operado por Cachoeira, Costa relata que Demóstenes agia como um “despachante” de Cachoeira. “Coligidos, concluo que, no que diz respeito a capitais de Cachoeira já integrados, é evidente a atuação do Senador Demóstenes Torres como um despachante de luxo do contraventor”.

“A instrução probatória carreou a estes autos um grande número de evidências das ações do Senador Demóstenes Torres em favor direto dos interesses “comerciais” de Carlinhos Cachoeira”, completou.

Costa relata ainda que “as atuações na área de construção civil, construção pesada, prestação de serviços urbanos e licenciamento ambiental já estão sendo escrutinadas pela Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) do Cachoeira”. Segundo o relator, em todos os casos, duas certezas: a) um parlamentar a valer-se do seu inegável prestígio para viabilizar interesses econômicos do “contraventor”; b) uma teia de ligações, consórcios, parcerias, sociedades e associações empresariais em que se pode averiguar a conhecida técnica de commingling [mescla] para obstaculização de qualquer investigação sobre o paper trail”.

Costa também apontou o envolvimento de Demóstenes com os negócios de Carlinhos Cachoeira na exploração de jogos de azar e ainda atuado na proteção de Cachoeira. Outro ponto levantado pelo relatório é o de obtenção de vantagens por parte do senador que atuava em nomeações impostas por Cachoeira na administração pública e no Senado.

“Aspecto relevante do relacionamento entre Cachoeira e o representado é o empenho de Demóstenes em conseguir postos na administração pública em favor de pessoas do círculo de Cachoeira”, apontou o relator. “O mais importante para avaliarmos, contudo, creio eu, seriam as nomeações aqui no Senado Federal”.

Após a conclusão da leitura do voto, o presidente do Conselho de Ética, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), disse que colocará o relatório em apreciação. A votação terá de ser nominal e aberta. Se aprovado pelo conselho, o processo terá então que ser analisado pela Comissão de Constituição e

Justiça (CCJ) do Senado. Depois, segue para o plenário da Casa, onde passará por votação secreta.

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