O governo considera que a declaração de inidoneidade da Delta Construções, impedindo-a de participar de novas licitações e fechar novos contratos com a administração pública, é um “tiro de misericórdia” na empreiteira e torna iminente sua falência. A medida vale não apenas para contratos da União, mas também para governos estaduais e municipais. Nos bastidores do governo, já se trata a Delta como uma empresa quebrada.

A preocupação do governo agora é com os contratos ainda vigentes da Delta, não contemplados pela portaria da Controladoria Geral da União (CGU), que será publicada amanhã no “Diário Oficial”. São 99 contratos ativos com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), envolvendo serviços de duplicação, construção e manutenção de rodovias federais. Juntos, esses contratos somam R$ 2,518 bilhões – dos quais R$ 1,410 bilhão já efetivamente pagos.

“Vamos ver quanto fôlego a empresa ainda tem”, disse um auxiliar direto da presidente Dilma Rousseff. Assim que a construtora reconhecer que não tem mais condições de executar os trabalhos, o governo pretende convocar as empreiteiras que ficaram em segundo ou em terceiro lugar nas licitações vencidas pela Delta. O assessor presidencial acredita, no entanto, que obras com estágio avançado de execução – em torno de 80% ou mais – podem despertar pouco interesse nas empresas.

A única solução pode ser licitá-las novamente ou colocar o Exército nas obras. Não está descartada a hipótese de chamar a Delta para uma “conversa franca” e ver se ela está disposta a abandonar voluntariamente algumas obras para se concentrar numa carteira menor de serviços com estágio de execução mais adiantado.