Para novo presidente do Ipea, qualidade da educação é maior desafio para a política pública

O economista Marcelo Neri, empossado hoje (12), em Brasília, como presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), quer aumentar a participação do órgão como formulador e assessor dos ministérios para concepção e monitoramento de políticas públicas, especialmente na área da educação. “Essa é a política pública que mais gera efeito sobre as outras”, acredita. […]

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O economista Marcelo Neri, empossado hoje (12), em Brasília, como presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), quer aumentar a participação do órgão como formulador e assessor dos ministérios para concepção e monitoramento de políticas públicas, especialmente na área da educação. “Essa é a política pública que mais gera efeito sobre as outras”, acredita.

Segundo Neri, a preocupação é fazer os “dois brasis” avançarem: o país que ainda tem um grande passivo (grande número de analfabetos, pessoas com baixa escolaridade e má qualidade do ensino); e o país que, para crescer, precisa de força de trabalho qualificada. “O Brasil velho e Brasil do futuro têm que andar juntos”, disse.

O economista diz que o gargalo da mão de obra ocorre em todos os setores, inclusive entre os segmentos menos qualificados (empregadas domésticas, operários da construção civil e trabalhadores da agricultura) – o que já pode ser sinal da elevação do padrão de vida e aspirações das camadas mais baixas na distribuição de renda. “É um bom apagão no sentido de que o Brasil vai ter que mudar suas tecnologias”, disse.

Neri, que admite “não ter nascido no Ipea, mas ter sido criado no instituto”, avalia que o órgão tem “massa crítica” e “uma tradição impressionante” para reflexão sobre os problemas socioeconômicos e pretende orientar o Ipea para que ajude o país a “avançar mais na vertical”.

Segundo Neri, continua ocorrendo um movimento de ascensão social verificado nos últimos anos, mas que ainda não foi bem captado pela pesquisa social. “Há mais coisas acontecendo no Brasil do que os nossos olhos conseguiram enxergar até agora”, disse, após citar os impactos do Programa Brasil Carinhoso, da queda da mortalidade, o crescimento da renda dos analfabetos e a elevação do padrão de vida dos 20% mais pobres de forma mais acelerada do que ocorre na China, na Rússia e na Índia (os países que, com o Brasil, formam o Bric, bloco das economias emergentes).

O estudo desses fenômenos podem gerar surpresas entre os pesquisadores do Ipea. “Do ponto de vista do pesquisador, o Brasil é um país que oferece todas as surpresas. A gente acha aquilo que não esperava achar. Para o pesquisador, o grande momento não é quando você confirma o que esperava achar, mas quando descobre algo que não sabia”.

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