Após reunião do PSDB no início da tarde desta terça-feira, o líder do partido no Senado, Alvaro Dias (PR), afirmou que a legenda vai tentar aprovar um requerimento de convite a Marcos Valério para que ele fale aos parlamentares na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Segundo Dias, a oitiva do publicitário e delator do mensalão se faz necessária após as denúncias feitas nesta terça pelo jornal O Estado de S.Paulo.

O senador afirma, no entanto, que espera que parlamentares da base aliada ao governo protejam o publicitário e impeçam a ida dele à CCJ. “A blindagem do Marcos Valério é aguardada. Se o PT paga o advogado dele, é natural que possamos concluir que também o blindará aqui para evitar que ele possa desabafar com denúncias graves como fez junto ao procurador-geral da República”, disse ele após a reunião.

Caso o convite a Valério seja negado na CCJ, o PSDB tentará ouvir o publicitário em sessão reservada na liderança do partido. Além disso, a legenda vai, junto com o DEM, protocolar nova representação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Procuradoria-Geral da República (PGR). “Não sabemos o que ele disse ao procurador. Queremos ouvi-lo para que ele diga ao País o que denunciou ao procurador. O que se sabe é o resultado de vazamento, informações da imprensa e entendemos ser oportuna a presença dele. Ele tem a responsabilidade de confirmar o que foi divulgado pela imprensa”, afirmou Dias.

Segundo reportagem do jornal, Valério revelou a existência de uma reunião em 2003 envolvendo José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, no segundo andar do Palácio do Planalto. Na versão do delator, no encontro os petistas acertaram que Valério fecharia empréstimos com bancos para ajudar a financiar o esquema do mensalão.

Nessa primeira etapa, Dirceu teria autorizado a pegar até R$ 10 milhões emprestados. Terminada a reunião, os três teriam subido por uma escada que leva ao gabinete de Lula. Lá, na presença do presidente, passaram três minutos. O acerto firmado minutos antes, ainda segundo a publicação, teria sido relatado ao presidente. De acordo com Valério, Lula deu um “ok”.