A realização de uma nova eleição para prefeito divide a população de Sidrolândia, cidade que tem cerca de 50 mil habitantes. O candidato eleito com mais de 50% dos votos, Enelvo Felini (PSDB), teve registro cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na semana passada.

Enelvo, que já foi prefeito de Sidrolândia, teve as contas reprovadas pelo TCE/MS (Tribunal de Contas do Estado) entre julho de 2004 e julho de 2012. Ele teria aplicado índices inferiores aos 60%, obrigatórios em lei, do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério).

A auxiliar de escritório Caruline Brito, 33 anos, critica a realização de uma nova eleição e seus custos para a Justiça.

“Se tinha chance de ele não poder assumir o cargo, ele não poderia nem se candidatar. Agora imagine o quanto de dinheiro vai ser gasto novamente”, contou.

De acordo com a Justiça Eleitoral, o novo pleito deve ser marcado para março de 2013 e o candidato impedido não pode participar da nova disputa.

A possibilidade do candidato que perdeu para as eleições, Acelino Cristaldo (PMDB), disputar novamente a Prefeitura é dada como certa pelos aliados. “Podemos reverter a situação, afinal a diferença foi de apenas 900 votos”, lembrou o presidente da Câmara de Vereadores, Jean Narazeth (PT).

Ele também lembra a possibilidade de conquistar uma ala do partido que decidiu apoiar o candidato tucano.

“Enelvo foi um bom prefeito, deu atenção para área rural. Mas se confirmar, estou pensando em votar no Acelino”, afirmou o agricultor Vilson Nicolau, de 56 anos.

O vereador Antônio Galdino (PDT) disse que ainda não há confirmação da candidatura de Acelino, mas que se isso ocorrer ele terá o apoio novamente e vê isso como uma resposta. “Como cidadão, posso dizer que aquilo que a gente não fizer enquanto gestor público a Justiça vai fazer”, comentou.

O retorno da Justiça, depois das eleições, é criticada pelo corretor de imóveis Thiago Dal Moro de 24 anos. “A Lei da Ficha Limpa foi feita para ser cumprida, mas por menos de 2% que ia ser aplicado em um setor e foi transferido para outro ele não poderá assumir o cargo? Existem casos mais graves pelo Estado”, disse.

Os custos da nova eleição depois de um candidato impedido pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) também são atacados por uma comerciante que não quis se identificar. “Se era pra cassar, não deixasse ir. Um dinheiro que poderia ser gasto com outras coisas ou então que eleja o segundo colocado”, rebateu.

O atual prefeito, Daltro Fiuza (PMDB), disse que a equipe para a nova eleição será a mesma da primeira e que espera mais apoio no novo pleito. “Agora nessa nova eleição esperamos ter atenção especial dos diretórios estadual e federal”, revelou. Ele avaliou ainda que a derrota do candidato da situação foi pelo currículo de Enelvo e que o diretório do PSDB ainda não conta com a nova disputa.

Procurado, o diretório do PSDB em Sidrolândia não comentou sobre a cassação da candidatura. O candidato Enelvo Felini recorreu da decisão junto ao STF (Supremo Tribunal Federal).